Qual a lógica de receber um evento de tal porte, num cenário epidemiológico descontrolado? Qual a relevância momentânea de um torneio de futebol, num país onde 1000 pessoas morrem por dia e mais 450 mil (e contando) já morreram?
Tais perguntas, na verdade, nem deveriam estar sendo feitas.
Após a recusa de Argentina (por conta do aumento de casos de covid-19) e Colômbia (por protestos e crise política), o Brasil aceitou sediar a competição. Segundo informações as tratativas foram diretas entre CONMEBOL, CBF e Governo Federal, respectivamente. O que chamou à atenção, inclusive, foi a rapidez para a tomada de decisão.
Algumas narrativas já foram criadas - como de praxe - para tentar defender algo tão ilógico. Sobretudo as comparações com outros campeonatos que estão acontecendo em nosso território. No entanto, a memória curta de um certo pessoal faz com que esqueçam que os mesmos torneios sofreram críticas no momento de seus retornos. Justamente pela situação vivida à época (o que no Brasil não mudou).
Entre teses, também, mirabolantes de esterismo de A ou B. A mesma prática de quem tenta achar um meio para defender absurdos.
O Brasil foi e é um desastre no combate à pandemia; continua sendo um eminente epicentro; não houve controle na disseminação do vírus; a vacinação caminha em passos curtos e muita gente continua morrendo. Por vários fatores conhecidos. Especialmente a falta de seriedade e ações sanitárias coordenadas e doses descomunais de negacionismo.
Estamos vendo mais um absurdo e tentando explicar o óbvio. Como potencializar ao invés de controlar?
Há interesse na continuidade do futebol, certamente. Até porque ele foi tratado como essencial, por muitos aspectos - inclusive financeiro. Mas hoje, no atual cenário, é ser insensato no trato da situação. Uma total falta de bom senso, de quem na verdade, jamais teve. Um mundo paradoxal e paralelo explícito mais uma vez.
Uma piada de muito mau gosto daquele que virou piada e vergonha mundial. Brasil.
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