O blefe de Jesus.
Blefar: ato de enganar, fingir, iludir, ludibriar. E não. Não é piada de português. Aqui no Brasil pode ser chamado também de "pegadinha do malandro".
Um jogo importante em uma competição importante. Momento ideal para usar todas as armas que tem a seu favor. Ou melhor, a carta na manga. Já que blefar é algo muito usado no poker.
Antes do jogo contra o Internacional, o artilheiro rubro-negro, Gabriel Barbosa, não aparecera na relação anunciada no início do dia. Alegaram que o jogador sentia dores e possivelmente não entraria em campo. Lembrando que a relação final é aquela divulgada uma hora ou mais, antes das partidas. Nela, se ele não estivesse, aí sim não poderia jogar. Então, essa primeira não obriga o técnico a levar para o jogo quem foi mostrado.
No jogo, o blefe foi bem. Correu, se entregou e ajudou na vitória. Triunfo de um time que fez um de seus melhores jogos no ano. Vitória de quem teve intensidade, competitividade, organização tática e personalidade quando tinha a bola. E um iluminado, Bruno Henrique.
Tudo migué de Jesus.
Em Portugal, Jorge é conhecido como "Rei dos Blefes". Ou seja, é uma prática antiga feita pelo técnico. No período entre 2009 e 2015, dos 37 clássicos disputados, ele blefou em 22. Em 2009, no Benfica, avisou que não escalaria o argentino Saviola, que jogou 84 minutos do jogo. No mesmo ano fez isso com Aimar e Ramires. Em 2012, a dupla de zaga formada por Luisão e Garay não entraria em campo contra o Sporting, mas entrou. Porém, seu time foi derrotado.
Alguns episódios como esses já aconteceram no Brasil. Vanderlei Luxemburgo na ocasião, escalou seu time com 12 jogadores, para confundir o adversário. Luis Felipe Scolari, o Felipão, chegou a enfaixar o pé de Arce, para passar a ideia que o lateral não jogaria.
Alguns acham certo, outros não. Eu fico no primeiro grupo. Para mim, é de boa, normal.
É uma arma usada. Confundir o time adversário e induzi-lo ao erros de instrução ou estratégia. Um truque, nada mais que isso. É a malandragem e não "roubaragem". Errado seria se ouvesse o ato de fraudar, burlar ou adulterar algo. Aliás, não é algo novo no futebol e pode dá certo ou não. Dessa vez deu.
E como o poker... foi um All in de Jorge Jesus.
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