Muito além do campo.
A caça às bruxas após uma eliminação torna-se habitual no futebol. Uma procura incessante por culpados, vilões e motivos para apontar o pífio resultado.
Através deste aspecto surgem também narrativas rasas sobre níveis de atletas. E a principal delas: o famigerado saudosismo tóxico da comparação das épocas, atletas etc - certamente retóricas que não ajudam em nada, a não ser o criticar por criticara.
É preciso abrange o olhar crítico diante de uma das piores fases da seleção brasileira. Deixar de lado apenas placares, más apresentações e superficialidade para analisar a situação.
O Brasil sabia Tite não ficaria depois da Copa do Mundo de 2022. No entanto, não houve um planejamento para que o trabalho do treinador tivesse uma sequência. Uma vez que a renovação e reformulação estavam em curso.
A CBF viveu o "sonho americano" do treinador estrangeiro. Carlos Ancelotti foi a bola da vez que não chegou. Fernando Diniz tornou-se interino e dividia suas atenções com o Fluminense - uma bizarrice. Apenas neste período de incertezas, dúvidas e bagunça, um ano e meio do ciclo perdeu-se.
Com isso, a Seleção perdeu identidade. Um trabalho sólido foi desfeito para que outro começasse do zero e assim as dificuldades aumentam. Porque tudo o que envolve desenvolvimento técnico e tático para que jogadores que se reúnem de três e três meses consigam criar um conjunto torna-se algo mais complexo.
Vejo que esta geração é boa. Existem jogadores com extremo potencial. Mas até alinhar tudo isso e elevar o grau de entrosamento para a individualidade potencialize o coletivo, requer tempo, trabalho, sequência e paciência - algo que dentro do futebol brasileiro não existe.
Um conjunto de ações erradas levou a seleção para este caminho. Sem sombra de dúvidas a pior fase da maior seleção do planeta. Por isso que antes de procurar culpados, é preciso enxergar o impacto negativo de um todo que vive em meio à desordem.
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