De 'salvador da pátria' a culpado pelo mau momento atual da seleção brasileira.
No comando da seleção brasileira desde 2016, Tite já foi do céu ao inferno em vários momentos. Hoje, o período é de turbulência. Agora ainda mais pela perda do título da Copa América - antes "insignificante" - para a Argentina, jogando em casa.
Em termos de estatísticas, o técnico tem números expressivos. Até aqui, foram 61 jogos; 45 vitórias, 11 empates e 5 derrotas. Um aproveitamento de 79,7%. Com relação às vitórias, 16 foram em amistosos e o restante divididas entre Eliminatórias e Copa América.
As críticas aumentaram diante de um jogo terrível, em todos os aspectos, contra a Argentina. O Brasil foi muito mal. Sem sombra de dúvidas, uma das piores partidas em termos técnico e tático sob o comando do treinador. Antes disso, o time vinha oscilando dentro da competição. No entanto, conseguia ter mais consistência em seu sistema tático.
Vendo todo o atual cenário, será que seria correto demitir o treinador, a pouco mais de um ano da Copa do Mundo do Catar?
Em meu ver, não. Seria um equívoco mudar de técnico a essa altura. Apesar de entender que a seleção brasileira necessita de evolução e o Tite está muito longe de ter uma possível isenção. No entanto, os críticos, especialistas e "poetas" por vezes - ou sempre - entram em contradição nas suas próprias opiniões e convicções.
É nítido que a seleção brasileira precisa evoluir. Tite precisa achar alternativas e melhorar suas escolhas para que o time não dependa tanto de um jogador. A melhora coletiva é imprescindível, junto das possibilidades que carecem de ampliação. No entanto, não dá para achar que o momento é de "terra arrasada" e que tudo está errado.
O Brasil vive um período de reformulação e renovação. No atual elenco, apenas nove jogadores, por exemplo, estavam na Copa do Mundo de 2018. Embora o grupo já venha trabalhando junto há algum tempo (justamente a sequência que tanto pedem). Porém, é algo que possa melhorar. Certamente. Especialmente dando chances a outros atletas, em posições que ainda existem dúvidas ou espaço.
Contudo, os mesmos que defendem longevidade no futebol, querem a cabeça do técnico e uma limpa no elenco. Os próprios que elogiam trabalhos a longo prazo em outras seleções. Pois parece que para outros, é correto afirmar que haverá dificuldades na reestruturação e reformulação. Menos para o Brasil. O velho e "bom" imediatismo de sempre.
É aquela parada: se joga bem e goleia, o adversário é fraco. Se tem dificuldades e não tem um nível de atuação esperado, o time não presta. Aliás, parece que nada presta.
Mais uma vez parece que a antipatia que foi criada interfere até nas análises de quem entende e de quem muito sabe. Ou dos que acham que sabe. As contradições e incoerência dão as caras cada vez que o Brasil não entrega o que deve entregar. E que precisa entregar.
Não estou defendendo Tite. Muito menos o nível que a seleção demonstrou nos últimos jogos. É claro e notório a necessidade de melhora. Mas não serei insensato com minhas próprias opiniões sobre trabalhos que necessitam de longevidade. O momento é ruim, mas há tempo para consertar e aperfeiçoar. Pois existe, sobretudo, material humano capacitado para isso.
Por isso, não demitiria Tite.
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