Se eu fosse escrever uma carta, os destinatários seriam dois: A bola e o rádio.
Seria como uma declaração de amor. Um sentimento platônico por um e o afeto indescritível por outro.
Em minha vida a presença de ambos sempre foi forte. Eminente. Consequente e inconsequente. Um "saiu" para o outro entrar. Outro fincou para o "um" se eternizar. É realmente amor. Explicar seria desnecessário. Ou talvez, necessário.
Uma criança que queria apenas um brinquedo. Aquele universal, redondo como a Terra. O menino teve muitos, vários, inúmeros. Quanto mais tinha, mais amava, mais se apaixonava. Era como cola, grude. Um moleque e a bola.
Em meio a esse romance, várias vozes surgiram. Uma era familiar. Peculiar. Essa, ele escutou desde o ventre de sua mãe. Nasceu sentindo, continuou a ouvir, cresceu escutando. Tipo um chamado. Uma voz forte, imponente. Ao mesmo tempo doce e sorridente. Ela, que ainda hoje o acompanha. Ensina, elogia, guia. O tom mais lindo. A voz de seu pai.
A carta teria capítulos, como novela. Seria mais felicidade que tristeza. Nada de drama. Talvez comédia.
De quem vive de sonhos e "morreu" com alguns. E desses mesmos, ressurgiu. Se reergueu e se refez. Tão forte quanto aquela voz que o menino escutava e escuta. A do coração e de seu criador. De quem aprendeu que quando um sonho acaba, outro surge. Nasce. Floresce.
A bola e o rádio.
Uma carta. Um romance. Uma novela. Sem final, mas feliz. Muito feliz.
O amor que se uniu e se confundiu. Como de um pai com seu filho. Como do rádio e a bola. Sentimentos parecidos ou idênticos que transformaram-se em um. Únicos e genuínos. Puros e verdadeiros. De criador e criatura, sem utopia. De apego e alegria.
A bola e o rádio; o rádio e a bola.
Os dois me fizeram assim, Radialista.
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