
Por mais que alguns ainda insistam em romantizar a política, o tabuleiro segue o mesmo: interesses, recuos calculados, alianças de ocasião e, claro, o bom e velho revanchismo institucional. Em Alagoas, o movimento mais recente confirma que nada muda — apenas os jogadores.
O secretário de Estado Júlio Cezar, sempre alinhado ao governador Paulo Dantas, tem se tornado uma peça cada vez mais visível nesse tabuleiro. A sintonia entre ambos não é segredo para ninguém, e Dantas demonstra abertamente apreço pela companhia — e pelo estilo — do ex-prefeito de Palmeira dos Índios.
O resultado disso? Júlio praticamente redesenha seu destino eleitoral para 2026. O plano, agora quase explícito, é que ele dispute uma vaga na Câmara Federal pelo PSD, partido sob as mãos do governador Paulo Dantas e do presidente da ALE, Marcelo Victor — uma sigla que hoje se tornou o centro gravitacional do poder político em Alagoas. Fontes ventilam que Dantas trabalha para eleger dois deputados federais: Luciano Amaral seria o nome mais forte, e Júlio brigaria pela segunda vaga, com chances reais de superar adversários de peso como Rui Palmeira e Tereza Nelma.
E quem sobra nessa equação? Marx Beltrão.
O mesmo Marx que tinha a sinalização de apoio de Júlio para o próximo ano — um gesto político normal dentro do cenário anterior. Mas a movimentação agora não nasce de ruptura ou ingratidão. Trata-se de atender ao chamado de Paulo Dantas, a quem Júlio demonstra lealdade inquestionável. Quando o governador mexe no tabuleiro, sua base se reposiciona. E Júlio apenas segue o fluxo de quem está plenamente alinhado ao projeto político conduzido pelo governo.
O mesmo Marx que, lá atrás, caminhou com Dantas no governo tampão, mas decidiu seguir outro rumo em 2022, ao abraçar o palanque de Rodrigo Cunha. A política não esquece. Pode até perdoar — mas nunca esquece.
Ao colocar Júlio no jogo federal, Paulo Dantas fortalece sua própria chapa e envia um recado claro: em política, quem vira as costas sente o vento depois. É a “vingança” embrulhada como estratégia — silenciosa, mas eficaz.
Apesar das especulações fervendo, Júlio segue discreto. Fala pouco, aparece com parcimônia e administra sem ruídos. Faz justamente o que precisa para não parecer o que todos já sabem que ele será: candidato.
O jogo é bruto?
E quem disse que não era?
Bruto, sim. Mas perfeitamente coerente com a velha política paroquial — aquela que sobrevive porque, no fim, sempre há quem jogue.

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