Zé Piaba (José Francisco de Morais, 88 anos, 1923 – 2012) foi uma figura ímpar da cultura religiosa, em Palmeira dos Índios, região Agreste de Alagoas. Casado com Cicera Josefa da Conceição, 91 anos, com quem teve sete filhos, sendo cinco mulheres e dois homens.
Foto: Padre Nascimento e Zé Piaba
Natural do município de Cajueiro, Zona da Mata de Alagoas, onde viveu sua infância e juventude. Depois, foi morar no Agreste, fixou-se no bairro da Cafurna, na Princesa do Sertão.
Devoto de Padre Cícero Romão Batista. O romeiro criou uma das festas mais importantes da região “A Festa de Padre Cícero ou Festa de Zé Piaba”. Um homem sério, de personalidade forte, mas de bom coração. Quando se falava em organização da tradicional festa para o “Padim, Padim Cíço”, sempre foi rigoroso e exigente. Tudo tinha que ocorrer dentro do planejado.
Desde sua primeira edição, o evento religioso se tornou um sucesso. A festa ocorria tradicionalmente no mês de setembro. Se manteve por mais de 45 anos, até a morte de seu idealizador.
Zé, morreu em 1 de maio de 2012. A Cafurna perdeu um dos seus filhos amados. O evento era um marco da cultura religiosa Palmeirense. Mas nunca teve o devido reconhecimento dos seus governantes e, acabou caindo no esquecimento.
Depois da morte do romeiro, a família passou a realizar um terço para celebrar a palavra e manter viva a tradição de uma das melhores festas de Santo da cidade.
Hoje, quem passa na rua José Caetano de Morais, no bairro da Cafurna, pode ver o santuário construído por Zé Piaba, com a imagem de Padre Cícero, disponível para devoção e adoração.
Abaixo, para estimular os sentidos, um poema de minha autoria, cujo objetivo é não deixar cair no esquecimento a festa de Zé Piaba, um evento que ficou na história.
Festas de Zé Piaba
Que saudade me dá,
das festas de Zé Piaba,
a Cafurna era só alegria.
A rua enfeitada, bandeirinhas coloridas
a banda de pífano, esmolas pro Santo,
os foguetes de seu Domício.
Que saudade me dá,
ver as cavalhadas na rua de barro,
os cavaleiros a disputar argolas.
Do pastoril, o azul e o encarnado,
o pastor, a cigana, a borboleta,
das danças, do coco de roda.
Que saudade me dá,
do parque de diversão,
o carrossel, a sombrinha que gira.
Da barraca de tiro, o jogo de bingo,
a roda gigante, os barcos coloridos.
O jogo de argola, o lagartão verde.
Que saudade me dá,
da maçã do amor, a batata frita,
o sorvete, o carrinho de pipoca.
O povo reunido, vindo de todos os cantos: Mata da Cafurna, Alto do Cruzeiro, Rua da Gandaia, da Avenida.
Que saudade me dá,
do leilão: garrotes, carneiros, galinhas.
As doações de dona Isaura e seu Abílio.
O leiloeiro a gritar — quem dar mais? Dou-lhe uma, dou-lhe duas, dou-lhe três… Vendido! O seu Eraldo e seu violão.
Que saudade me dá,
da boêmia local, a conversa boa:
Magrelo, Rôna, Flóre e Dida.
Da aguardente, uma meiota ou litro,
o copo americano cheio, sem derramar.
Uma dose, depois outra, pinga da boa.
Que saudade me dá,
da festa das crianças.
A quebra de pote, a corrida de saco.
Do ovo na colher, sem deixar cair,
o cabo de guerra, de pular corda.
Tudo com muita alegria e emoção.
Que saudade me dá,
do Zé Doido, perambulando na rua,
criatura que não fazia mal a ninguém.
Da turma subindo no pau de sebo,
se arrebentando pelo grande prêmio.
A gritaria, atração igual, nunca se viu.
Que saudade das festas de Zé Piaba!
Os foguetes de seu Domício,
pipocando no céu… Papapapapapa pa pa pa ta ta ta, pul!! Pow!! PA! Tra!
Autor: Jacson Tigre
Texto: Festas de Zé Piaba
Data: 10.07.2020
Cidade: Palmeira dos Índios.
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