03/06/2020 00:09:08
Jacson Tigre
Major da Polícia Militar de Alagoas escreve poema em homenagem a George Floyd
Um poema cheio de verdades
Júnior SilvaMajor Luciano Felizardo dos Santos

O Major Luciano Felizardo, atualmente é comandante do 10° Batalhão de Polícia Militar, em Palmeira dos Índios, Alagoas. O comandante é bacharel em Segurança Pública pela Academia de Polícia Militar Senador Arnon de Mello, turma de 1998, onde alcançou o 1° lugar entre os Aspirantes a Oficial da Polícia Militar do Estado.

É natural de Maceió, mas desde 1999 mora em Arapiraca. O Major, inclusive, já recebeu o Título de Cidadão Honorário de Arapiraca, concedido pela Câmara Municipal como forma de homenagem e agradecimento por sua atuação na corporação do 3º Batalhão de Polícia Militar. É dono de uma vasta experiência e excelente currículo atuando na Segurança Pública do Estado.

Literatura


Ele nos enviou nesta data, um texto que traz uma grande reflexão, importante em vários aspectos. Um poema em homenagem a George Floyd, morto nos Estados Unidos, por um policial branco. 

Negro, o Major traz em seu poema, VERDADES, nada mais conveniente do que publicarmos para uma ampla reflexão.


Leia:


Para George Floyd
Por Luciano Felizardo dos Santos


Enquanto a cor da pele
For definição sobre valor
Não haverá real igualdade
Não haverá real amor


Matar sufocado
Com o joelho no pescoço
Para mostrar autoridade
Exercer patriarcado


Nada mostra
Além de crueldade
Além de maldade.
Nada mais importa
Que o valor de uma vida


Por isso basta
Falemos a verdade
Racista que é um bosta
Busquemos humanidade


Enquanto um preto lá é morto
Outro aqui é humilhado
O branco diz ganhar tantas vezes mais,
Por causa do imposto,
E gritar impropérios -
Só muda o rosto


A diferença é que lá o preto se importa
Aqui o preto aplaude o branco
E taca pedra no esculhambado
Fazendo de conta
Que o racismo não bateu na sua porta


Enquanto nos afastarmos
Fingindo não ser conosco
Continuaremos apanhando
Chibata castigando de modo tosco


Fico intrigado com memórias da infância
Quando rezava para que Deus mudasse
Meus lábios, minha canelas, meu cabelo, minha cor
Eles me causavam tanta dor


Depois me entendi por gente
E percebi,
Rangendo os dentes
Que o problema não estava em mim


Que minha cor nada tinha demais
Mas que muitos brancos esqueciam
Que anjo de luz
Pode ser satanás


Percebi o quanto o preconceito racial
É doloroso para quem sofre
E pode pode ser tão camuflado
A ponto de a vítima se tornar o algoz
E o verdugo, um coitado.


Portanto, basta!
Basta de joelhos no pescoço
De chicotes no lombo
De olhares julgadores
De desculpas psiquiátricas
De negro viver em dores.


No dia em que nossa cor
Deixar de ser sinônimo de violência
Ou dela derivada
Saberei que o mundo mudou.


Seja em Minneapolis ou Alphaville
Não importará quem eu sou
No Brasil ou na China
Seremos todos humanos
Seremos iguais
Não importando a melanina


Enquanto esse dia não vem
Calar é a pior opção
Mudança não virá por bem
Precisamos fazer mudar a opinião
Para não sermos sempre
O símbolo do mal.

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