22/05/2018 12:36:16
Jacson Tigre
Mário Lago: Como ele descobriu e eternizou o poeta Chico Nunes
"O Livro Chico Nunes das Alagoas"
Internet O Trovador Berrante de Zé do Cavaquinho

Que Mário Lago foi importante para o povo brasileiro contribuindo de forma ampla com a cultura e política do país todo mundo sabe! O que poucas pessoas sabem é da importância que ele teve para a cidade de Palmeira dos Índios. O eterno boêmio, colocou em destaque nacional, um dos maiores poetas da tímida princesa do agreste e sertão alagoano. Esbanjando todo o seu talento nas terras de Viçosa-AL quando gravava em 1971 o filme São Bernardo, uma produção baseada em uma das obras mais importantes de Graciliano Ramos, foi exatamente nesse período que Lago ouviu falar de um poeta famoso da região, chamado Francisco Nunes de Oliveira — Chico Nunes.

Segundo relatos, depois de um dia de muitas atividades nas gravações do filme. Mário Lago, saiu para caminhar à noite na histórica cidade de Viçosa, quando de repente, ouviu de longe o som de um cavaquinho que soava de uma bodega conhecida na região, como O Trovador Berrante de Zé do Cavaquinho. O local era um ponto de encontro dos intelectuais, escritores, músicos, contadores de histórias e boêmios nos anos 60 e 70. Como bom músico que era, foi atraído pelo som encantador do instrumento, foi assim que conheceu o músico dono da bodega, seu Zé do Cavaquinho. Mário Lago e Zé se tornaram grandes amigos, uma amizade sólida entre dois boêmios. Entre canções, conversas, cerveja gelada e boas doses de cachaça. No decorrer da noite, o ator tem conhecimento das histórias fantásticas e a fama do poeta palmeirense, Chico Nunes, o Rouxinol da Palmeira, poeta improvisador, um boêmio confesso.

Mário Lago, se mostrou interessado em colocar no papel tudo que pudesse retratar a vida de Chico Nunes, começou então uma minuciosa pesquisa sobre o Rouxinol da Palmeira, um grupo foi montado e ganhou o nome de “à turma do mutirão” que teve participação importante no levantamento das informações. No mutirão estavam dois alagoanos de Viçosa, José Aloísio Vilela e Théo Brandão, ambos estudiosos da cultura nordestina. Depois de muito trabalho é lançado em 1975 pela Editora Civilização Brasileira, o livro “Chico Nunes das Alagoas”, a obra foi um grande sucesso e recebeu crítica elogiosa de Luiz da Câmara Cascudo e de Artur da Távola.

Acredita-se que Mário Lago, além de ter ficado encantado com o talento do poeta palmeirense que tinha o dom do improviso em suas veias, contava também o fato de Chico Nunes ser um grande boêmio. Lago, teria ficado extremamente envolvido com a história e o jeito simples e humilde de Chico Nunes, um ser humano que não tinha apego ao dinheiro nem ao poder, vivia uma vida livre pelas ruas da princesa do agreste e sertão de Alagoas nas bandas da Rua Pernambuco Novo, onde nasceu e viveu até morrer, um local, marcado pelo grande movimento nas Casas de Tolerâncias. Depois de muito tempo a rua passou a ser chamada, Rua Chico Nunes, fica no centro da cidade ao lado do Hotel São Bernardo. Uma bela homenagem ao grande poeta de Palmeia dos Índios.

Veja como Mário Lago descreveu Chico Nunes:

Livro “Chico Nunes das Alagoas”, disse Mário Lago: Chico era um vagabundo, mas poeta; irresponsável, mas poeta; cachaceiro, mas poeta; pornográfico e grosso, mas poeta. Tudo que se falar dele tem que acrescentar “Poeta”, porque ninguém o foi mais do que ele.

Uma coisa é certa, devemos agradecer eternamente a esse grande homem, que no íntimo do seu conhecimento da cultura popular brasileira, eternizou um fenômeno da princesa do agreste e sertão de Alagoas.

Francisco Nunes Brasil, Poeta Improvisador!

Mote: José Abílio não presta

Glosas:

É justo, certo e honrado,
Na cidade de Bom Conselho,
Representa um grande espelho
Nesta região do Estado.
Por todos é estimado,
E gosta muito da festa,
A ninguém se manifesta
E a todos só dá prazer.
Quem está dizendo é você
Que Zé Abílio não presta.

É muito considerado
No sertão pernambucano,
É um sujeito muito humano,
Por todos é estimado,
Protege o pobre coitado
Não lhe dá só do que resta,
De Bom Conselho a Floresta,
É corno, desinfeliz,
Caba safado quem diz
Que Zé Abílio não presta.

Mote: Faz Pena Chico Morrer

Glosas:

Quando badalar o sino
Da catedral ou matriz
Um pergunta e outro diz
Quem tomou novo destino?
Então responde o menino:
Foi Chico, não pôde viver
Dizem que sabia fazer
Tanto verso improvisado
É certo, está sepultado
Faz pena Chico morrer

Felicidade chegou
Em minha porta bateu
Entrou e não me conheceu
No mesmo instante voltou
O castigo se aproximou
Sem nada também dizer
Foi somente pra trazer
Doença triste para mim
Até que estou vendo o fim...
Faz pena Chico morrer! 

Depois vamos fazer uma publicação especial com várias passagens do livro Chico Nunes das Alagoas, que mostra toda genialidade do poeta palmeirense. Fique ligado!

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