Em pesquisa realizada pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) foi revelado, que 60% dos docentes têm problemas com a indisciplina em sala de aula. Essa pesquisa demonstrou, que o Brasil lidera o ranking de intimidação verbal entre alunos e professores, situação que prejudica o processo de ensino-aprendizagem, uma vez que a indisciplina gera mais interrupções durante as aulas.
O que causa esse quadro? Por que devemos nos preocupar? Devemos fazer algo? Esses são questionamentos importantes, e que devem ser refletidos pelos profissionais da educação. Quer ter noções do que fazer? Então confira dez dicas acerca deste tema. Espero ajudar.
01 - Crie um Manual do Estudante e siga as regras estabelecidas
Diretores, coordenadores e professores não precisam criar um ambiente autoritário. Porém, é importante conquistar o respeito dos alunos e mostrando, que dentro do ambiente escolar, a exemplo de qualquer outro lugar na sociedade, existem regras que precisam ser respeitadas e cumpridas.
A dica é, que desde o início do ano letivo (e ao longo dos bimestres, trimestres e etc.) as crianças e os adolescentes precisam saber o que se espera que elas respeitem. Por isso, é importante que a instituição de ensino produza um manual do estudante que reforce o código de conduta prezado pela escola.
Essas normas precisam estar num local visível. E, nos primeiros dias de aula, mostre aos alunos, pedindo para que leiam e digam se entenderam (isso é importante), revisando ponto a ponto.
Repreenda usando a fonte. Ou seja, todas as vezes que um aluno for flagrado em uma atitude de indisciplina e for encaminhado para a coordenação ou diretoria, mostre o documento enfatizando onde ele errou e se ainda tem alguma dúvida.
Assim, ao invés de seguir uma postura autoritária, você estará mostrando que existe um código de conhecimento coletivo, que deve ser seguido para criar um ambiente de respeito, propício ao aprendizado.
02 - A equipe pedagógica deve ser o exemplo dentro da escola
As crianças têm o costume de repetir as atitudes dos adultos, principalmente quando são muito pequenas. É comum, que vejam nos profissionais da escola um exemplo de pessoas de confiança, por isso, o que o docente faz é um parâmetro para os seus estudantes.
Já os adolescentes e pré-adolescentes, tendem a quebrar ou discordar das regras por se sentirem desafiados e desconfortáveis em se enquadrar, já que usufruem de maior autonomia em relação às crianças.
Em ambos os casos, a dica é não quebrar as regras. Ter coerência no discurso e estar alinhado com a equipe, é uma prerrogativa do professor, pois é fundamental que sua atitude, como educador, sirva para garantir o melhor comportamento e reduzir a indisciplina na escola.
Quando errar, o professor deve conversar com seus estudantes, e, se necessário, pedir desculpas pelo erro, se comprometendo a não o repetir. Isso vai mostrar que o professor é humano, que erra, mas que sabe se arrepender e consertar o que fez. Eles verão essa atitude como exemplo.
Bônus: Evite esconder o seu erro, afinal, se isso acontecer, seus estudantes entenderão que mentir faz parte do processo e que escolher a saída mais fácil é a melhor forma de resolver os problemas. Lembre-se, nem sempre o que é fácil é o correto a ser feito.
03 - Não seja sempre “bonzinho”
Os profissionais da escola podem criar laços de amizade com os estudantes, devendo tratar a todos com cortesia, mas é importante saber o momento de corrigir seus erros e falhas. Por isso, mesmo que sejamos amigos dos nossos discentes, é importante estabelecer alguns limites, onde não se perca a noção de que o professor é a autoridade em sala de aula.
Diretores, coordenadores e professores não devem se atrapalhar e sentir receio de punir um aluno que desobedeceu a uma regra. Não podemos nos esquecer que educar é a nossa função. Mas, essa punição não deve ser excessiva, por isso, é importante seguir as determinações da sua equipe gestora, ou o que foi definido em reunião do conselho de classe.
04 - Envolva os estudantes em atividades cooperativas
Desenvolver nos estudantes, as habilidades de convívio em sociedade, também é uma das atribuições da escola. Então, por que não criar um projeto, onde todos (professores, coordenadores, funcionários e estudantes) devem cuidar da sala de aula de toda a escola?
Dividir com eles a responsabilidade de cuidar do ambiente em que se vive possibilita, que estimulemos a preocupação e a atenção com o que acontece à sua volta.
Quando o estudante é envolvido com aquele local ou objeto está sob seus cuidados, ele sentirá que aquele lugar está aos seus cuidados, o que pode levar ele a evitar causar danos, minimizando os prejuízos à instituição.
Essa atividade, vai além do desenvolvimento como aluno, e tem reflexos na vida adulta, além de ser uma ferramenta pedagógica fundamental, para criar adultos responsáveis e preparados para o mundo.
05 - Não dê ao estudante, tempo para ser indisciplinado
Um estudante devidamente concentrado não tem tempo para ser indisciplinado. É de inteira responsabilidade da coordenação e dos professores, desenvolver atividades ocupem o tempo dos discentes.
Assim, estando interessado no conteúdo e nas atividades, o estudante não terá oportunidade para criar formas de atrapalhar a aula. Por isso, planeje as suas aulas. Torne-as atrativas, cativantes e desafiadoras!
Faça uma pesquisa, para saber como os estudantes gostam de aprender, isso pode ser a diferença entre uma aula monótona e uma aula que dá sono. Transforme a sua aula, e verá que seus estudantes se transformarão junto.
06 - Saiba negociar: use a indisciplina a seu favor
Ocorreu um caso de indisciplina? Reflita e busque por uma solução que envolva o estudante. Peça para que ele cite o que o manual do estudante diz sobre a situação na qual se envolveu, faça com que ele critique a própria atitude.
Pergunte como ele pode se desculpar, ou o que pode fazer para se retratar. Se possível, peça ajuda da psicologia escolar, abra espaço para que ele possa conversar sobre os sentimentos e angústias. Essa é, ainda, a melhor forma de minimizar certos problemas rotineiros.
É importante que o professor, o coordenador e o diretor, se coloque à disposição para ouvir o que ele tem para contar. Saber o que ocorre com o estudante, pode ajudar a entender melhor a situação.
Esse pode ser o momento para criar um laço de confiança duradouro. Pois, o estudante saberá, que tem alguém que se importa com ele.
07 - Tenha Calma e não imponha o medo
O medo não é a saída. Relações baseadas no medo não oferecem benefícios duradouros, nem para a criança, nem para o professor, que ficará na memória como um carrasco, ou será gatilho para problemas piores.
Como professor, é importante manter o equilíbrio nas suas atitudes.
Se deixar levar pela raiva e pelo nervosismo, também não ajudará em nada. Na maior parte das vezes, o que o estudante quer é tirar o professor do sério.
Principalmente, no caso de serem adolescentes, os estudantes vão desacatar as ordens, violar regras ou ignorar o que está sendo pedido, de propósito. Eles enxergam isso como um jogo, onde ganham popularidade entre os seus, ao desafiar a ordem. Por isso, o professor deve sempre refletir, buscando solucionar o problema sem se rebaixar.
O oposto também não é recomendado. Muitas vezes, e isso é lamentável, alguns profissionais, buscando aprovação do alunado, entram nas brincadeiras dos estudantes. Nestes casos, o profissional pode criar um clima propício para que a indisciplina reine, além de comprometer o trabalho de toda a equipe pedagógica.
08 - Entenda que a indisciplina poder vir de casa
A indisciplina é um problema, que pode ser consequência da falta de limites em casa. Minimizar esse problema é um desafio e o estudante é o maior prejudicado. Por isso, evite comentar sobre o estudante de forma antiética, expondo o problema para outros estudantes.
Só divida os problemas com a sua direção e coordenação. Eles saberão conversar com os pais, buscando a melhor solução.
09 - Não compare os estudantes
Nenhum estudante é igual a outro. E não devem ser comparados. A comparação não é uma boa estratégia, quando se trata de um estudante indisciplinado, compará-lo com outro que se comporta bem, poder gerar ainda mais problemas, por isso, compare o estudante com o melhor que ele pode ser.
Jamais faça esse ato de comparação, sobretudo em público. O que ocorre, em diversos casos, é que o professor compara um estudante com outro durante a aula, e a turma toda ouve.
Essa atitude pode ser o gérmen de diversos danos para aquele que está sendo alvo das críticas, o que pode não soar como incentivo à mudança.
10 - Conheça seus estudantes
Geralmente, estudantes se comportam mal, porque querem atenção. Busque conhecer os seus estudantes. Essa aproximação pode fazer muita diferença no cotidiano, até mesmo nos resultados.
Se aproximar de forma a criar identificação, fará com que os estudantes entendam que você é um amigo que estará ali para eles.
Sei que, na correria do dia a dia, acabamos nos esquecendo das relações interpessoais. Mas, elas são fundamentais. O professor tido como o “chato” pode ter certeza que não conquistou os seus estudantes. Busque o equilíbrio, se aproxime deles sem permitir que quebrem as regras.
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