Trabalho extra.
É nisto que se resume o pensamento de qualquer pessoa comum, ao ser perguntada sobre o que acha do exercício profissional do professor.
Alguns até tentam disfarçar, afirmando que a profissão é bonita e que precisa de mais respeito. Eu concordo. Porém, tenho algumas considerações a fazer. E, caro leitor, informo que este artigo expressa apenas a minha opinião e que deixo o campo dos comentários livre para que opine.
Pois bem, vamos lá!
Ser professor é como ser o Batman de Gotham City, só que sem a mansão, o mordomo, o batmóvel e a fortuna. É lidar com os mistérios da mente infantil (e adolescente!), combater a ignorância e salvar o mundo, ou pelo menos tentar. E tudo isso com um salário que daria para comprar um Batmóvel usado, mas sem o ar-condicionado e os acessórios.
Faz tempo que ser professor já não é mais o desejo de qualquer pessoa sensata. Muitos profissionais em exercício, inclusive este que vos fala, só são professores porque não tiveram outras oportunidades na vida. É como se a profissão fosse um plano B, um "e se der tudo errado, pelo menos posso ser professor". Mas a verdade é que, apesar das dificuldades, a gente acaba se apaixonando pela profissão. É como aquele crush que você nunca esperava ter, sabe? Aquele que te faz sorrir, te irrita às vezes, mas que você não consegue viver sem.
Não estou dizendo que nós não gostamos de ensinar. Inclusive, a melhor parte do meu dia é quando consigo, de fato, ensinar. Mesmo insatisfeitos, muitos são bons no que fazem, conseguem dar boas aulas, implementam metodologias e novidades para se adequar às exigências do mercado e são humanos demais para abandonar os estudantes.
Mas, eis aí o grande problema. As tendências de mercado têm apontado cada vez mais, para o acúmulo de trabalho extra para os professores. Tem se tornado lugar comum, entre os leigos, aqueles que são de fora da profissão, acreditar que o professor tem uma exaustiva carga de trabalho, tanto dentro quanto fora da sala de aula. E não há erro em pensar assim. Mas o que ocorre, é a naturalização da ideia de que temos muito trabalho e que isso é normal e, portanto, nos dão mais atribuições do que já temos.
Porém, o que me impressiona é que os próprios professores e demais profissionais de educação, sejam eles coordenadores, diretores etc. estão se acostumando e até propagando essa mentalidade do trabalho extra.
Já não bastassem as cadernetas para preencher, planejamento, provas para corrigir e atividades para elaborar, o professor ainda tem que assumir funções de pai e mãe, quando tem que incentivar e até mesmo buscar os estudantes em casa. Deve ser psicólogo e se importar em cuidar da saúde mental e do emocional do estudante, tem que ser versado em fotografia e edição, pois o que vale são as evidências, deve se especializar, orientar os estudantes, conversar com os pais, fazer projetos, apadrinhar e orientar turmas, separar brigas e outras tantas funções extras que são impostas e exigidas como se fossem nossas obrigações.
A gente é quase um super-herói multitarefas! Psicólogo, fotógrafo, orientador vocacional, mediador de conflitos... e a lista não para! Às vezes me sinto mais parecido com o Homem de Ferro do que com o Batman. Tenho que lidar com uma infinidade de problemas e encontrar soluções criativas para tudo. Mas, assim como o Tony Stark, a gente faz isso com um sorriso no rosto (e um pouco de café, claro).
Pior ainda, é ver que uma parcela significativa de professores, colegas profissionais, defende esse sistema indigno de trabalho, onde o professor deve ter tempo para tudo, menos para viver.
Quando é no setor privado, nos pedem para "vestir a camisa da empresa", como se fosse normal priorizar o CNPJ em detrimento do CPF. Fazem reuniões em horários extracurriculares, viagens, plantões pedagógicos e, a grande maioria, não paga um vintém pelas horas a mais de trabalho. Ao contrário, te cobram gratidão por ter a oportunidade de trabalhar naquela "família".
Quando é no setor público, fazem exigências mirabolantes, para lidar com jovens e pré-adolescentes extremamente viciados em telas e que não dão o mínimo valor e atenção às aulas. Afinal, a aprovação é automática para não prejudicar as estatísticas.
Aos poucos, o professor vai sendo sufocado pelo sistema, pois precisa comer, pagar as contas e, por isso, cai no marasmo, no planejamento repetido, na exaustão e finalmente no Burnout.
Como aquela frase: "Se você não está reclamando, é porque você não está trabalhando o suficiente". A gente acaba se acostumando com a sobrecarga e até acha que é normal. Mas não é! A gente precisa de tempo para cuidar da nossa saúde mental e física, para se divertir, para ter uma vida social. Afinal, ninguém aguenta ser super-herói 24 horas por dia.
Aí eu te pergunto: Quem de fato se importa com o professor? Quem veste a camisa do professor quando ele adoece? Quem se preocupa com seu estado físico e mental? Quem?
Essas são perguntas fundamentais! A gente se dedica tanto aos alunos, mas quem se dedica a nós? É hora de a sociedade reconhecer a importância da nossa profissão e valorizar o trabalho que a gente faz. Afinal, somos os formadores de opinião, os inspiradores de sonhos e os responsáveis por construir um futuro melhor.
Em resumo, ser professor é como ser um ninja: você precisa ser ágil, estratégico, paciente e ter um senso de humor afiado para sobreviver. Mas, apesar de todos os desafios, a recompensa é imensa. Afinal, não há nada mais gratificante do que ver um aluno se desenvolvendo e alcançando seus objetivos.
Enfim, essa é a minha opinião, mas quem sou eu para falar algo?
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