Independência ou morte! Essa frase enérgica, atribuída ao primeiro Imperador do Brasil, Pedro I, é a coisa que mais fácil surge em nossas cabeças, quando somos perguntados, ou nos recordamos, da Independência do Brasil. Porém, esse conto popular, tão repetido em escolas de educação básica, pode ter sido forjado, ou melhor, encomendado, para manipular a história oficial, colocando a família imperial como centro de todas as adorações dos brasileiros. Por isso, partindo da leitura do livro “1822”, de Laurentino Gomes (Editora Nova Fronteira), escolhemos alguns mitos e superstições que envolvem o processo de independência do Brasil.
Fique por aqui, e você sairá sabendo mais do que agora.
1 - O quadro é fiel à realidade?
Se você é um patriota fanático, e esperava que a resposta fosse positiva, infelizmente, é justamente o contrário. Pedro Américo vivia em Florença, na Itália, e só concluiu a encomenda 4 anos depois da Independência. É bem verdade, que Dom Pedro I não montava um heroico alazão, mas um burro, animal mais adaptado e resistente. O momento não foi glamouroso como a obra faz imaginar, Pedro I estava vestido como tropeiro e não com vestes militares. Também não estava cercado pela cavalaria dos Dragões da Independência, pois eles ainda não existiam.
2 - Dor de barriga?
É sabido, que o coronel Marcondes, homem que seria Barão de Pindamonhangaba, acompanhou Pedro I, e registrou em suas memórias que o Bragança estava, em verdade, com dor de barriga. Isso ocorreu, pois ele, provavelmente consumiu algum alimento estragado enquanto passava no litoral paulista, tendo chegado ao Ipiranga após passar pela Serra do Mar. O grito, se é que houve, foi provavelmente (contém ironia), um resultado da movimentação dos intestinos.
3 - Seria o quadro, um plágio?
Se o quadro parece falso imagine saber, que existe a suposição de que o pintor Pedro Américo tenha cometido plágio ao, praticamente refazer “Napoleão em Friedland”, do pintor francês Jean Louis Messonier, substituindo o Imperador Francês, por Pedro I. Essa peça está exposta em Nova York. A semelhança entre as pinturas é espantosa, e isso pode gerar desconfiança, ainda mais, porque a brasileira é mais nova que a francesa.
Observe e compare as pinturas
Legendas das imagens:
- Pedro Américo, Independência ou Morte! (O Grito do Ipiranga), 1888.
- Napoleão em Friedland. Autor: Ernest Meissonier. 1875 ; Tinta a óleo, tela.
4 - O Hino da Independência foi a trilha sonora do Grito?
Uma vez mais, a resposta é não. A composição do Hino, tarefa executada próprio Pedro I, só foi concluída bem depois, e faz referência ao poema “Brava Gente”, de Evaristo da Veiga. Tampouco houve clima épico, pois o evento não contou com a participação massiva do povo, portanto, não foi um Vingadores Ultimato, ficando mais pra um crossover das séries da CW, com efeitos especiais dignos de pequenas celebrações (contém ironia e piadas de tio).
5 - Portugal aceitou a independência rapidamente?
Claro que não. Inclusive, as notícias não chegavam na Europa tão rapidamente quanto hoje. O tempo de viagem era de 2 meses de navio. Logo, o rei de Portugal, e pai do D. Pedro I, Dom João VI, só ficou sabendo do suposto Grito do Ipiranga, quando os mensageiros chegaram lá, depois de todo o tempo de viagem. Como representante do seu país, reagiu imediatamente e mandou, que tropas portuguesas viessem ao Brasil, para impor a ordem. E, embora muita gente diga que a independência foi pacífica, é verdade que batalhas aconteceram no Brasil, até 1823. Ao final deste processo, a independência só foi devidamente reconhecida por Portugal em 1825, isso, porque pagamos uma indenização de 2 milhões de Libras, após o imperador Dom Pedro I negociar até as o fim das hostilidades.
Bônus – o que pintor quis passar, ao fazer tal quadro?
De acordo com a Agência Brasil/EBC, o próprio pintor deixou um texto explicativo sobre a produção em que revela a intenção de mostrar a independência como algo esplêndido e heroico, deixando de lado o que não seria tão bonito de se ver. Nas palavras de Pedro Américo: “A realidade inspira, e não escraviza o pintor.” O artista destaca que se esforçou para ser sincero na reprodução do fato sem esquecer as belezas da arte.
E você sabia de todas essas curiosidades sobre o Grito do Ipiranga?
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