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André Avlis

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Radialista, Cronista e Comentarista Esportivo!
Postada em 03/06/2020 09:07

BRASIL: Contrato milionário de Jesus renovado X Demissões por "contenção de gastos"

Flamengo e técnico chegam a um acordo. Vínculo vai até junho de 2021; com cláusula específica.
Jorge Jesus, técnico do Flamengo.

Para a felicidade da nação, o dia do "Fico". O melhor técnico do Brasil, na atualidade, ficará pelo menos por mais um ano no Flamengo.

Por méritos, o português está ainda mais valorizado. Por tudo que conquistou, ainda mais por tudo que agregou ao futebol rubro-negro e consequentemente ao clube. Foram cinco títulos - Taça Libertadores e Brasileirão, em 2019 e Recopa, Supercopa do Brasil e Taça Guanabara em 2020.

Os números são ainda mais expressivos. São apenas 4 derrotas (menos que títulos conquistados), em 51 jogos, com 38 vitórias e 9 empates. Pelas estatísticas, a valorização é obrigatória e pelo desempenho do time em campo, imprescindível. Não há o que discutir quanto a isso. Fato.

Porém, outro fator implica na "discussão".

O treinador irá receber aproximadamente 4 milhões de euros (cerca de R$ 23 milhões), pelo ano do novo contrato. Cerca de R$ 1,9 milhões mensais além de outras premiações. Há também uma cláusula específica ainda que permite a liberação mediante a ofertas de clubes pré-definidos do futebol europeu.

Algo que diverge nisso tudo, é justamente a parte financeira. Os números exorbitantes citados e noticiados. Nada contra, cada um recebe pelo que merece e desempenha em seu trabalho. Logo, onde gira muita grana, é "normal" acontecer isso - o futebol.

As contradições começam ainda em 2019. O Flamengo terminou o ano com títulos e uma situação econômica que apresentava R$ 950 milhões de arrecadação, além de um plano de estabilidade, mesmo em uma crise por três meses.

No dia 30 de abril, véspera do feriado de 1º de maio - Dia do Trabalhador - 62 funcionários foram demitidos. O motivo, segundo os dirigentes foi a contenção de gastos e o enxugamento da folha. Desde lá, outro aspecto que chama atenção é o alto investimento na estrutura e aparatos para o retorno dos trabalhos.

Sabendo disso, há uma enorme incoerência nas explicações. Uma crise é citada para demitir funcionários e pouco mais de um mês depois, um contrato milionário individual aparece. Estranho. Para alguns, normal.

Será que juntando todos os salários dessas pessoas que perderam seus empregos, daria pelo menos metade do que ganhará Jorge Jesus?

O aumento da força no aspecto esportivo do Flamengo é algo notório. Assim como uma queda na preocupação para com o lado humano dentro da instituição. O senso humanitário de quem faz o clube passa longe do ideal.

Um paradoxo vivido em que as explicações vão de encontro as ações. Como se, sempre, a corda arrebentasse no lado mais fraco. Foram 62 trabalhadores mandados embora vendo, hoje, o "dia do fico" milionário. Imagino até o que pensaram. No total desatino criado pelo próprio Flamengo.

Em meu ver, o que sobra em campo, falta fora dele. Tipo uma total desconexão, que ironicamente conecta-se. Como se a instituição ultrapassasse a barreira humanitária e o que realmente importasse fossem cifras e mais cifras. Ego levantados, tipo bandeiras. Vaidade. Egocentrismo. Interesses e ambição.

E no meio de tudo isso, pessoas. Umas lucrando, outras perdendo. Umas vivendo, outras sobrevivendo. Um retrato do "futebol moderno". Seja no Flamengo ou em qualquer outra instituição. Infelizmente.

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