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Internacional
Postada em 27/08/2018 15:16 | Por Todo Segundo/ G1

Vaticano muda declaração do Papa sobre cura gay

Igreja retira palavra 'psiquiatria' de transcrição da entrevista
Papa Francisco dá entrevista a jornalistas em avião - Foto: AP

O Vaticano retirou, nesta segunda-feira (27), a referência à "psiquiatria" na declaração dada neste domingo pelo Papa Francisco, ao ser questionado sobre a homossexualidade, e um porta-voz disse que o sumo pontífice não quis abordar o tema como "uma doença psiquiátrica".

No domingo, em entrevista coletiva no avião que levava Francisco da Irlanda de volta para Roma, o Papa argentino disse que os pais que observarem tendências homossexuais em seus filhos devem dialogar e dar espaço para que a criança possa se expressar.

Durante a entrevista, o Papa disse: "Uma coisa é quando se manifesta quando criança, quando há tantas coisas que podem ser feitas, por meio da psiquiatria, para ver como estão as coisas. Outra coisa é quando se manifesta depois dos 20 anos".

Na transcrição da entrevista publicada nesta segunda pelo serviço de imprensa do Vaticano, a frase ficou: "Uma coisa é quando se manifesta quando criança, quando há tantas coisas que podem ser feitas, para ver como estão as coisas. Outra coisa é quando se manifesta depois dos 20 anos ou algo parecido".

Um porta-voz do Vaticano explicou à agência France Presse que a palavra "psiquiatria" foi retirada do boletim "para não alterar o pensamento do papa".

"Quando o Papa se refere à 'psiquiatria', é claro que ele faz isso como um exemplo que entra nas coisas diferentes que podem ser feitas", explicou a mesma fonte.

"Mas, com essa palavra, ele não tinha a intenção de dizer que se tratava de uma doença psiquiátrica, mas que talvez fosse necessário ver como são as coisas no nível psicológico", acrescentou o porta-voz.

Na mesma entrevista, o Papa disse que não comentaria as acusações do acerbispo de um ex-embaixador do Vaticano de que teria encoberto abusos sexuais.

Papa Francisco não comenta acusação de que teria encoberto abusos sexuais

Associações criticaram

Associações LGBT francesas interpretaram que, ao citar ajuda psiquiátrica, o Papa considera a homossexualidade como uma doença e criticaram seus comentários como "irresponsáveis".

"Condenamos estas declarações que fazem referência à ideia de que a homossexualidade é uma doença. Se há uma doença é esta homofobia arraigada na sociedade", disse à agência France Presse Clémence Zamora-Cruz, porta-voz da Inter LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transexuais).

Suas palavras "graves e irresponsáveis incitam o ódio contra as pessoas LGBT em nossas sociedades já marcadas por altos níveis de homofobia", reagiu no Twitter a organização SOS Homofobia.

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