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Saúde
Postada em 15/12/2014 09:51 | Por Todo Segundo

Quem toma remédio derivado da maconha pode ficar dependente? Entenda

Ao contrário do que muitos preconizam, a maconha “in natura”, portanto, não é mais inócua que outras drogas
Quem toma remédio derivado da maconha pode ficar dependente? Entenda - Foto: Reprodução/TV Globo
Crianças e adolescentes podem oficialmente receber um composto da maconha para fins medicinais. O Conselho Federal de Medicina liberou o uso do canabidiol, derivado da maconha, para portadores de doenças neurológicas com convulsão de difícil controle. O que isso significa na prática? Em quais situações clínicas pode ser prescrito? Quem o utiliza pode ter algum tipo de dependência da droga? E os outros efeitos da maconha, como euforia, também acontecem?
 
Vamos entender. A maconha, ou Cannabis sativa, como é o nome científico desta planta, é composta por várias substâncias. Dentre elas destacam-se especificamente duas, que pertencem ao grupo dos fitocanabinóides: o THC, que é o tetrahidrocanabidiol e o CBD, que é o canabidiol. Estas duas substâncias são diferentes. Têm, portanto, efeitos diferentes.
 
O THC  é o responsável pelos efeitos psicoativos característicos da maconha como, por exemplo,  confusão mental, sensação de prazer ou de euforia, percepção de estímulos e sensações mais aguçadas, pensamento solto, porém mais lento, menor capacidade cognitiva e maior dificuldade na  coordenação motora. O THC é o componente que causa o maior grau de dependência, em consequência, naturalmente, da dose, frequência de uso, idade e vulnerabilidade individual do usuário.
 
Importante lembrar que adolescentes que utilizam maconha “in natura” são mais susceptíveis a todos esses efeitos que podem, inclusive, dependendo de características específicas de cada um, apresentar sequelas irreversíveis no potencial cognitivo para o resto da vida. Ao contrário do que muitos preconizam, a maconha “in natura”, portanto, não é mais inócua que outras drogas.
 
O CBD, ou canabidiol, por sua vez, é que foi liberado. É um medicamento que possui, portanto,  apenas  esse componente ativo da maconha. O CBD mostrou-se eficaz no controle de convulsões em crianças e adolescentes portadores de quadros neurológicos graves, que cursam com crises epilépticas de difícil controle por medicamentos já padronizados. O CBD tem a capacidade de diminuir a atividade química e elétrica do cérebro, fazendo com que os sintomas convulsivos das doenças diminuam significativamente. Importante saber: o CBD isoladamente não produz os efeitos de euforia ou de “barato”. Não causa dependência, vício ou sedação. Atualmente só pode ser prescrito por três especialidades médicas: neurologistas, neurocirurgiões e psiquiatras, que devem seguir regras específicas para sua indicação.
 
Para ter ideia da importância deste fato, os pais da  pequena Anne Fischer, de 6 anos, tornaram-se os exemplos e símbolos da luta pela liberação do CBD. Antes do tratamento, sua filha, que é portadora de uma síndrome genética rara que se manifesta com convulsões, tinha aproximadamente de 30 a 80 convulsões por semana. Após a utilização do CBD, passou a apresentar uma média de duas crises por mês.
 
Demos um importante passo para o controle de doenças difíceis. Mais que tudo, é extremamente positivo observar que a lucidez e a clareza de pensamentos, aliados ao conhecimento científico, conseguem deixar para trás as trevas do preconceito cego. E todos se beneficiam. Só assim seguimos para frente.

Do G1
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