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Saúde
Postada em 30/03/2015 09:59 | Por Todo Segundo

Remédio para diabetes elimina 6 colheres de açúcar por dia na urina e ajuda a emagrecer

Medidas de higiene íntima são necessárias para evitar infecção genital por causa do xixi doce
Remédio para diabetes elimina 6 colheres de açúcar por dia na urina e ajuda a emagrecer - Foto: Divulgação
Você já imaginou eliminar seis colheres de sopa de açúcar (78 g), o equivalente a 312 calorias, por dia pelo xixi? Essa é a promessa do medicamento Jardiance, cujo princípio ativo é a empagliflozina, no tratamento do diabetes tipo 2. Com apenas um comprimido diário, o paciente elimina a glicose pela urina e, de quebra, ainda perde peso e reduz a pressão arterial — fatores fundamentais para a prevenção de futuras complicações do diabetes, como as doenças cardiovasculares.

Em menos de um ano, esse é o segundo medicamento que pertence à classe dos inibidores do SGLT2 lançado no País. Depois da chegada da dapagliflozina, comercializado com o nome Forxiga, agora é a vez da empagliflozina. A nova substância impede a reabsorção da glicose filtrada pelos rins, eliminando o excesso de açúcar pela urina.

Para o nefrologista Artur Beltrame, presidente e professor titular da Fundação Oswaldo Cruz, essa classe terapêutica representa a mais recente inovação no tratamento oral do diabetes tipo 2, mas com algumas ressalvas.

—Como a pessoa vai eliminar açúcar pela urina, pode ocorrer um pequeno aumento de infecções genitais, que serão facilmente prevenidas ou tratadas com o reforço de medidas de higiene íntima. Entre elas, lavar a região com água e sabão mais vezes ao dia, especialmente no início do tratamento.

Sobre as infecções urinárias, os estudos mostraram que o número de episódios foi semelhante ao grupo que utilizou placebo, acrescenta Beltrame. No entanto, ele frisa que a primeira regra para iniciar o tratamento com o novo comprimido é estar com a função renal em perfeitas condições.

— Além da boa função renal, o perfil do paciente que mais terá benefícios com essa droga é o diabético tipo 2 de meia-idade, em torno de 65 anos, com sobrepeso ou obesidade e hipertensão.

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Para aquelas pessoas que não têm diabetes, mas ficaram com os olhos brilhando com a notícia de fazer xixi doce e emagrecer, o nefrologista é enfático: “Não vai funcionar”.

— A pessoa vai gastar dinheiro à toa. Não há indicação para esse perfil de paciente porque a quantidade de glicose eliminada será pequena e não haverá perda significativa de peso.

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O endocrinologista João Paulo Iazigi, chefe do Ambulatório de Diabetes tipo 2 do Hospital Dr. Mário Gatti, explica que o emagrecimento com o uso da medicação depende do peso inicial do diabético, assim “quanto mais peso, a tendência é que a perda seja maior”.

— Os estudos mostraram que em seis meses o paciente perdeu em média de 2 kg a 3 kg, mas é importante ressaltar que esse ou qualquer remédio que trata o diabetes deve ser associado com alimentação saudável e prática regular de exercício físico.

Doença silenciosa

O diabetes atinge mais de 383 milhões de pessoas no mundo e até 2035 a previsão é que esse número chegue a 592 milhões. O Brasil ocupa a 4ª posição do ranking, com 12 milhões de diabéticos, perdendo apenas para China, Índia e Estados Unidos, segundo o mais recente relatório divulgado pela IDF (Federação Internacional de Diabetes).

Iazigi, que também é médico do hospital Vera Cruz, lembra que o diabetes tipo 2 representa 90% dos casos da doença e está intimamente ligado com obesidade, hereditariedade, sedentarismo, hipertensão, níveis altos de colesterol e triglicérides, idade acima dos 40 anos e estresse emocional.

— O diabetes progride em silêncio e, quando a pessoa começa a urinar com mais frequência, beber muita água e emagrece sem motivo, a doença já está instalada.

Exatamente por ser silenciosa, cerca de 50% dos portadores de diabetes tipo 2 desconhecem sua condição, de acordo com a SBD (Sociedade Brasileira de Diabetes). Outro dado preocupante é que três em cada quatro brasileiros com a doença estão fora de controle.

— O mau controle desencadeia várias complicações no coração, olhos, rins, nervos e até na pele. O tratamento inicial costuma ser com remédio oral, mas com a progressão da doença o paciente pode vir a precisar de insulina.

O endocrinologista explica que o pâncreas do diabético tipo 2 costuma produzir insulina, mas por causa da gordura concentrada na região abdominal, o hormônio não funciona direito no organismo.

— Já o diabetes tipo 1 aparece em geral na infância e adolescência e em 100% das vezes precisa de insulina para sobreviver. Nesse caso, não há relação com o estilo de vida.

Segundo a SBD, seis em cada 10 brasileiros têm risco de desenvolver diabetes. Não à toa, os especialistas reforçam a necessidade de adotar hábitos saudáveis para prevenir a doença. Para aqueles que já têm o sangue doce, o Jardiance, desenvolvido pela Boehringer Ingelheim em parceria com a Eli Lilly, chega ao mercado brasileiro nesse mês no valor sugerido de R$ 125.

Do R7
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