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André Avlis

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Radialista, Cronista e Comentarista Esportivo!
Postada em 13/07/2020 08:09 | Atualizada em 13/07/2020 08:15

FUTEBOL: A paixão mundial e seu 'amor' pelo preconceito

Em carta anônima, jogador da Premier League, o Campeonato Inglês, assume ser gay.

 Conceitos. Algo fácil de ser construído - difícil e se desconstruir.

O futebol é preconceituoso desde seu início. Da elite contra os operários; da burguesia contra a classe mais pobre. Da separação por cor, etnia, raça. De gêneros. E, principalmente, pela orientação sexual. Fator, inclusive, herdado pela sociedade.

Para ilustrar o texto, de início, permitam-me usar um exemplo: eu mesmo. Eu já tive opiniões preconceituosas, sim. Falas, comentários, às vezes atitudes.

No meio do futebol é algo cultural - por isso os conceitos. As pessoas são moldadas e criadas para tais pontos de vista. Com o perdão da palavra, já fui um desses 'otários'. Como toda desconstrução, aprendi e, principalmente, reconheci que estava sendo estúpido. Não que hoje eu seja o exemplo ou o santo, não. Apenas revi meus conceitos e continuo tentando evoluir.

Dito isto, algo me chamou a atenção - a repercussão de uma carta anônima.

O jornal 'The Sun", da Inglaterra divulgou no último sábado uma carta anônima de um jogador do Campeonato Inglês. Nela, o autor conta as dificuldades de ser gay e não poder assumir sua sexualidade com medo de ataques homofóbicos. Ele ainda diz que sempre sonhou em ser jogador, mas pensa em se aposentar cedo pois essa situação está afetando sua saúde mental.

Em toda a carta, ele cita o amor pelo futebol. Vários trechos falam sobre esse sentimento genuíno. Porém, na mesma proporção está o medo do que acontecerá se ele assumir sua sexualidade. Triste.

Uma situação parecida aconteceu no fim dos anos 80, início dos anos 90. No entanto, com outro roteiro. Inclusive, já li e assisti sobre esse exemplo.

O emblemático caso de Justin Fashanu - o primeiro jogador a assumir sua sexualidade, em 1990. Fashanu fez sucesso nas décadas de 70 e 80, como jogador do Nowich City. Era atacante e tido como promessa do futebol inglês. O carma de Fashanu teve início a partir da sua atitude de coragem.

Várias declarações de ex-companheiros afirmando que os gays não tinham lugar em um esporte coletivo. Piadas, falas maldosas, sabotagem em sua carreira, indiferença e várias outras atitudes ruins. Seu fim foi trágico. Se suicidou em 1998; foi encontrado enforcado no dia 3 de maio em Shoreditch, perto de Londres. Além de todos os motivos, ele havia sido acusado de violência sexual por um jovem de 17 anos. Mas, nada, ainda hoje, foi provado.

Vendo todo esse cenário, pesquisando, conhecendo e analisando tudo, é algo realmente implacável. Olhando pelo lado humano, severo. Não dá para imaginar o quanto isso afeta uma pessoa; o quanto o nível de sofrimento os aflige.

É a partir daí que o termo "o futebol é de todos" é desmistificado - porque não é. A desconstrução neste caráter é notória. A realidade é totalmente diferente, basta ver as atitudes tomadas. O preconceito é uma das partes mais obscuras da personalidade humana. No futebol, fixada como ensinamento.

Portanto, é a paixão mundial que 'ama' o preconceito. Em termos, atitudes e quaisquer outros sinônimos. Mas ainda há tempo de se desconstruir. Nunca é tarde para a evolução. Aliás, já que tenho esse meio para "falar", devo desculpas. Com todos (as) que, um dia, agi de forma idiota. E espero, sinceramente, que não precisemos um fim que Fashanu teve para refletir. Busquem evolução. Usem da verdadeira humanidade. Boa sorte!

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