Daria até título de livro ou até mesmo enredo de filme - não de samba, pois iria descambar.

O ano de 2020 que não está normal, viu um "Derby da Capital" tão anormal quanto. Se pudéssemos classificar o jogo de ontem pelo fisionomia, seria: feio. Horroroso, horrendo, pavoroso.

Em meus 29 anos de vida e de palmeirense, não recordo de ver um jogo tão ruim e doído de assistir. Nem no tempo das "vacas magras". Nem quando tudo parecia inerte. Nem quando a derrota parecia certa, mas não concreta.

A atmosfera de um Palmeiras e Corinthians é diferente. Os dias que antecedem o clássico, idem. Tem tensão, tentativa de desestabilizar o adversário, nervosismo, provocações e uma alta pressão. É tipo um campeonato a parte - desta vez, literalmente.

No entanto, em contrapartida, são aspectos que são modificados e transformados dentro do campo. Sendo saudosista, é como se eles se unissem a qualidade, coragem, sintonia, organização. A vontade de vencer em forma genuína. Mas ontem não.

Uma pobreza técnica nunca mais vista reapareceu em ambas as equipes. Lógico, algumas chances apareceram - principalmente do lado corinthiano. Em outros momentos, alguns lampejos de bom futebol. Mas é muito pouco para a expectativa gerada em torno de um clássico tão grandioso. É a velha máxima do "novo futebol": jogar para não perder, ao invés de jogar para ganhar.

Muito mais transpiração que inspiração. Criatividade em estado nulo. O improviso que é tão característico no nosso futebol, deu lugar ao pragmatismo. É bem verdade que garra, entrega e raça, não faltaram. Sim. Mas nem só disso vive um clássico.

O jogo nos faz refletir sobre os novos tempos. Na tentativa, de alguma forma, nos remeter ao passado. Porém, seria utopia. No atual cenário, dificilmente veremos o velho e bom brilhantismo técnico de um "Derby". Onde a rivalidade caminhava lado a lado com a personalidade. De jogar. De lutar. De vencer.

Pode ter sido um acidente de percurso? Pode. E se foi, o estrago foi grande. Principalmente para quem assistiu e teve que lamentar o que doeu nos olhos. Fiquemos na espera de um possível "caso isolado". Não como os chutões e chutes sem direção; mas outro caminho. Do passado, presente ou futuro. Onde o tempo terá a resposta.

O mesmo que, em 90 minutos, trouxe uma marca. Para mim, histórica - até o momento. O pior "Derby" da minha vida!