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Postada em 25/09/2025 17:27 | Atualizada em 25/09/2025 17:34 | Por Todo Segundo

Operação bloqueia mansão e bens do Comando Vermelho em Alagoas

Imóvel de R$ 3,9 milhões foi alvo da operação nacional contra lavagem de dinheiro
As informações foram detalhadas em entrevista coletiva na sede da MPMG - Foto: Reprodução / MPMG

Um imóvel de alto padrão à beira-mar na Praia do Patacho, em Porto de Pedras, litoral de Alagoas, avaliado em R$ 3,9 milhões, foi bloqueado judicialmente na quarta-feira (24), durante a Operação Custos Fidelis, deflagrada pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) para combater a lavagem de dinheiro do Comando Vermelho. As informações sobre a ação foram divulgadas oficialmente na quinta-feira (25), revelando o poder financeiro da facção Família Teófilo Otoni (FTO) em âmbito nacional, incluindo bens no litoral alagoano.

O MPMG, por meio do Gaeco e da Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG), com apoio da Polícia Civil e do Gaeco do Amazonas, coordenou a operação, voltada a combater a lavagem de dinheiro oriunda do tráfico de drogas comandado pela FTO, afiliada ao Comando Vermelho (CV).

As informações foram detalhadas em entrevista coletiva na sede da Unidade de Combate ao Crime e à Corrupção do MPMG (UCC), com a participação do procurador-geral de Justiça, Paulo de Tarso Morais Filho, do vice-governador Mateus Simões, do coordenador do Gaeco, promotor Giovani Avelar, e da major Layla Brunnela, chefe do Centro de Jornalismo da PMMG. (Veja o vídeo abaixo).

Segundo o MPMG, a FTO funciona como uma empresa do crime, com núcleos de logística, finanças e ataques armados. Entre as práticas violentas, a facção utiliza fuzis e uniformes policiais em execuções de rivais, aumentando a letalidade e intimidando a população.

Em menos de um mês, a organização movimentou R$ 8,4 milhões em drogas, adquiridas do Comando Vermelho no Amazonas. Para lavar o dinheiro, utilizava empresas de fachada nos setores de gás, internet, câmbio e principalmente comércio atacadista de pescados, cada uma movimentando cerca de R$ 25 milhões por ano. A técnica de depósitos fragmentados, conhecida como smurfing, chegou a movimentar R$ 2,3 milhões em apenas uma semana, dificultando a detecção financeira.

O procurador-geral Paulo de Tarso destacou a importância da atuação conjunta: “Para enfrentar algo organizado, temos que estar ainda mais organizados, com articulação e inteligência. Agora desejamos que os valores dessa organização sejam declarados como perdidos e revertidos para os cofres do Estado, retornando à população mineira.”

O vice-governador Mateus Simões reforçou que o monopólio da força é do Estado: “Não haverá instalação de facções em Minas Gerais sem que haja reação. O Estado agirá com força para garantir a ordem e a segurança da população.”

O coordenador do Gaeco, Giovani Avelar, acrescentou: “A investigação do crime organizado não é simples e leva tempo, mas precisa ser feita. Tudo foi identificado, o papel de cada um, a engrenagem criminosa — não podemos focar apenas na criminalidade cotidiana, mas entender a dinâmica das organizações criminosas, como fizemos neste caso durante um ano e meio.”

Luxo financiado pelo tráfico no litoral de Alagoas

O bloqueio da mansão à beira-mar na Praia do Patacho, em Porto de Pedras, simboliza a expansão do crime organizado para o litoral de Alagoas, onde o dinheiro ilícito é convertido em patrimônio de luxo.

Apesar do robusto bloqueio patrimonial, a operação alerta para o uso crescente de criptoativos, que permitem a evasão rápida de valores ilícitos e representam um desafio crescente para a repressão ao crime financeiro.

Golpe nacional do Comando Vermelho

Segundo a promotora Ana Bárbara Canedo Oliveira, do Gaeco de Governador Valadares, a investigação revelou que o Comando Vermelho estruturou um verdadeiro atacado do tráfico, abastecendo facções em diversos estados. Empresas de fachada no Amazonas funcionavam como hubs nacionais, recebendo valores de Goiás, Maranhão, Ceará, Rio Grande do Norte, São Paulo e Acre, que eram rapidamente convertidos em criptoativos e outros bens.

No último ano, o acompanhamento da FTO em Minas resultou na apreensão de 26 armas, incluindo 4 fuzis e 1 calibre 12, 23 presos pertencentes à facção e centenas de quilos de drogas, como em uma única ocorrência de 300 kg de maconha.

A major Layla Brunnela explicou o significado do nome da operação: “Fidelis significa guardião fiel. Lembra que quem protege o território mineiro são as instituições públicas.”

A promotora Ana Bárbara concluiu: “A Operação Custos Fidelis é um marco na estratégia de sufocamento econômico das facções. Mostramos um crime organizado rico, violento e cada vez mais sofisticado financeiramente.”

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