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Polícia
Postada em 05/05/2025 16:12 | Atualizada em 05/05/2025 16:30 | Por Todo Segundo

Polícia Científica coleta amostras nas mãos de menor morto em ação da PM

Versões da Polícia Militar e da família divergem; exame de pólvora pode ser decisivo para elucidar o caso
Exame residuográfico será decisivo em caso do menor morto durante abordagem da PM - Foto: Todo Segundo

A Polícia Científica realizou, nesta segunda-feira (5), um exame residuográfico nas mãos do adolescente Gabriel Lincoln Pereira da Silva, de 16 anos, morto durante uma abordagem da Polícia Militar, em Pameira dos Índios. O procedimento foi realizado antes do sepultamento do jovem, ocorrido poucas horas depois.

O exame tem como objetivo identificar a presença de resíduos de pólvora que possam indicar disparo de arma de fogo. As amostras foram encaminhadas ao Laboratório Forense, e o laudo técnico será peça-chave na apuração do caso.

Gabriel morreu na noite de sábado (3), durante uma perseguição policial. O episódio desencadeou forte comoção entre moradores da cidade, familiares e usuários nas redes sociais, que rapidamente passaram a compartilhar mensagens de luto, vídeos da abordagem e pedidos por justiça. O nome do adolescente se tornou símbolo de uma discussão mais ampla sobre a atuação da Polícia Militar.

Segundo a versão divulgada pela Polícia Militar, Gabriel teria desobedecido a uma ordem de parada durante patrulhamento, realizado manobras perigosas com uma moto e disparado contra a viatura. Ainda de acordo com a corporação, os policiais revidaram, atingiram o jovem e apreenderam um revólver com ele. Ele foi socorrido à Unidade de Pronto Atendimento (UPA), mas não resistiu.

A família de Gabriel contesta veementemente essa narrativa. Parentes relatam que o adolescente era trabalhador, mantinha uma pequena lanchonete em casa e havia saído apenas para comprar alface. Segundo eles, o jovem não tinha envolvimento com atividades ilícitas e jamais portaria uma arma. “Ele era um menino responsável, ajudava a mãe e estava começando a empreender. Nunca teve passagem, nunca mexeu com nada errado”, afirmou um tio.

Testemunhas que presenciaram a ação policial também levantaram dúvidas sobre a versão oficial. Segundo moradores da região, não houve troca de tiros e a abordagem foi feita de forma abrupta, sem o uso de sinais sonoros ou luminosos na viatura. Vídeos de câmeras de segurança mostram o momento em que a viatura intercepta a motocicleta conduzida por Gabriel, gerando mais questionamentos sobre a legalidade e proporcionalidade da ação policial.

Além da Polícia Civil, que conduz a investigação, o Ministério Público acompanha o caso. O órgão aguarda a conclusão dos laudos periciais, incluindo o exame residuográfico, para se pronunciar oficialmente. A expectativa é de que o resultado técnico possa esclarecer se o adolescente efetuou algum disparo, como alega a PM, ou se foi vítima de uma ação violenta e precipitada.

A cidade agora aguarda respostas. Para a família, a dor só diminuirá quando houver justiça. Para os moradores, o caso acendeu um alerta sobre a necessidade de revisão nos protocolos de abordagem policial. E para as autoridades, resta o desafio de conduzir uma investigação que ofereça respostas transparentes.

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