O senador Renan Calheiros (MDB) confirmou, nesta segunda-feira (5), que pretende disputar a reeleição ao Senado Federal nas eleições de 2026. A declaração foi feita durante uma coletiva na sede da Associação dos Municípios Alagoanos (AMA), em Maceió, e veio acompanhada de um anúncio estratégico: o atual ministro dos Transportes, Renan Filho (MDB), deixará o cargo em abril do próximo ano para concorrer ao governo de Alagoas.

A movimentação indica que o grupo político liderado por Renan Calheiros está se articulando com antecedência para reconquistar o Palácio República dos Palmares e manter sua força no Congresso. “Ele comunicou ao presidente da República que em abril estará se desincompatibilizando do governo federal, provavelmente para ser candidato ao governo de Alagoas”, afirmou o senador, evidenciando que a decisão já foi amadurecida dentro do núcleo político do MDB.

Renan, atualmente em seu quarto mandato como senador, vê sua permanência no cargo como parte da continuidade de um projeto político que, por décadas, teve papel central na condução de Alagoas. “Tenho muito mais condições de ajudar o Estado no Senado”, afirmou, reforçando sua disposição em manter protagonismo nacional com influência local.

A formação da chapa majoritária, no entanto, ainda é um ponto de debate interno. O senador evitou cravar nomes para a segunda vaga ao Senado, mas deu sinais claros de que o apoio dependerá de critérios que ultrapassam alianças formais. “Há uma preliminar a ser levada em consideração, que é o histórico de ajuda ao Estado”, disse, em recado velado a possíveis aliados que não demonstraram comprometimento com as pautas de Alagoas.

Um desses recados parece ter endereço certo: o deputado federal Arthur Lira (PP). Questionado sobre uma eventual composição com Lira, Renan descartou a possibilidade com firmeza. “Não vejo nele a característica de defender o interesse de Alagoas”, alfinetou.

Nos bastidores, a disputa entre os dois é vista como um dos principais embates políticos do estado, e deve influenciar a formação das alianças regionais em 2026. Enquanto Renan busca consolidar sua aliança com o governo federal e retomar o comando do Executivo estadual com Renan Filho, Lira articula com partidos do centrão e mantém influência sobre a gestão estadual atual.

A disputa promete redesenhar o mapa político alagoano — e reacender a rivalidade entre dois dos mais influentes caciques políticos do país.