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Alagoas
Postada em 30/12/2025 23:34 | Atualizada em 30/12/2025 23:36 | Por Todo Segundo

Alagoas registra mais de 4,5 mil casos de violência contra mulheres em 2025

Mesmo com milhares de casos registrados, maioria das agressões não gera denúncia formal
Patrulha Maria da Penha acompanha mais de 340 mulheres vítimas de violência em Palmeira - Foto: Diego Wendric

Uma realidade silenciosa e ainda presente nos lares alagoanos volta a acender o alerta das autoridades e da sociedade civil. Pesquisa nacional realizada em 2025 pelo Instituto DataSenado, com 21.641 mulheres brasileiras, revela que cerca de 71% dos episódios de violência contra a mulher são presenciados por terceiros, entre crianças e adultos. O dado mais preocupante é que 40% das testemunhas adultas não tomam nenhuma atitude no momento da agressão, contribuindo para a perpetuação do ciclo de violência.

Em Alagoas, os números confirmam a gravidade do cenário. De acordo com o Painel de Dados do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC), o estado já soma 4.531 casos de violações contra mulheres em 2025, considerando ocorrências como maus-tratos, exploração sexual e tráfico de pessoas. Os dados são atualizados até esta terça-feira, 30 de dezembro de 2025.

Apesar da expressiva quantidade de registros, o levantamento aponta uma redução de 35,73% em relação a 2024, quando Alagoas contabilizou 7.050 casos. Ainda assim, o número de denúncias formalizadas segue baixo: apenas 577 protocolos de denúncia foram efetivados neste ano, o que evidencia a dificuldade das vítimas — e também das testemunhas — em buscar ajuda institucional.

Denunciar salva vidas, alerta especialista

Para a professora do curso de Direito da Faculdade Anhanguera, Christine Keler, denunciar a violência é um passo decisivo para romper o ciclo de agressões e garantir proteção às vítimas. Segundo ela, a denúncia pode resultar em intervenção imediata das autoridades, aplicação de medidas protetivas, responsabilização dos agressores e prevenção de novos casos.

“Denunciar casos de violência provoca uma série de eventos positivos que beneficiam não apenas a vítima, mas a sociedade como um todo. Ao denunciar, a mulher pode ter acesso imediato a medidas de proteção, como ordens de restrição, além de abrigos seguros e apoio especializado”, ressalta.

A especialista destaca ainda que a formalização das denúncias ajuda a combater estigmas e mitos relacionados à violência doméstica e de gênero, além de gerar uma inquietação social capaz de impulsionar mudanças nas políticas públicas e na legislação.

“A denúncia pública incentiva a sociedade a tratar a violência com a seriedade necessária. Trazer esse debate à tona, especialmente em períodos simbólicos como o Mês da Mulher, tem um papel social fundamental para enfrentarmos esse problema enquanto coletividade”, completa.

Violência como violação de direitos humanos

Christine Keler reforça que a violência contra a mulher é reconhecida, conforme o Manual da Política Nacional de Enfrentamento à Violência Contra as Mulheres, como uma das principais formas de violação de direitos humanos, atingindo diretamente o direito à vida, à saúde e à integridade física e psicológica.

Além disso, a denúncia garante acesso a uma rede de apoio essencial para a recuperação das vítimas, incluindo assistência jurídica, acolhimento, aconselhamento psicológico e serviços de saúde mental.

Como pedir ajuda em Alagoas

A especialista também orienta sobre formas seguras de buscar socorro, especialmente em situações de risco iminente:

  • Ligar para o 190, conversando como se estivesse fazendo um pedido de delivery, é uma estratégia eficaz e já utilizada por muitas mulheres;
  • Central de Atendimento à Mulher – 180: canal gratuito e disponível 24 horas, que pode ser acionado por qualquer cidadão;
  • Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher (DEAMs): além de registrar ocorrências, as unidades realizam ações de prevenção, investigação e permitem a solicitação de medidas protetivas de urgência.

Mesmo com a redução nos números gerais, os dados de 2025 reforçam que a violência contra a mulher continua sendo um desafio estrutural em Alagoas. Especialistas alertam que romper o silêncio — seja como vítima ou testemunha — é fundamental para salvar vidas e transformar essa realidade.

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