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Postada em 09/11/2021 15:59 | Por Davi Salsa / Assessoria

Jovem arapiraquense destaca luta das mulheres negras em Cordel

Myllena Kevany é ex-aluna da Escola Municipal Djalma Mateus Santana e integrante do Grupo de Estudos Tereza de Benguela
Myllena Kevany é ex-aluna da Escola Municipal Djalma Mateus Santana - Foto: Assessoria

Ex-aluna da Escola Municipal Djalma Mateus Santana e integrante do Grupo de Estudos Tereza de Benguela, a jovem arapiraquense Myllena Kevany, de 16 anos, produziu um poema em cordel para destacar a luta das mulheres negras na história da humanidade.

Com o título “Mulheres na História, o cordel de Myllena Kevany cita ícones da luta feminina como a vereadora Marielle Franco, assassinada a tiros em 2018, no Rio de Janeiro, além da cientista Sônia Guimarães, a primeira mulher negra brasileira doutora em Física e primeira mulher negra brasileira a lecionar no Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA), e Dandara de Palmares, esposa de Zumbi e uma guerreira negra do período colonial do Brasil.

O poema da aluna será publicado em breve na Antologia arapiraquense. A jovem estudante faz parte do Grupo de Estudos Tereza de Benguela, que desde o ano de 2018 vem estimulando a produção de pinturas artísticas, música e artesanato afro como forma de elevar a autoestima e fomentar o protagonismo de meninas negras na sociedade local.

As principais personagens desse trabalho são garotas na faixa etária entre 14 a 18 anos de idade, que conheceram as atividades do grupo, iniciado na Escola Municipal de Ensino Fundamental Djalma Mateus Santana, localizada no bairro Primavera, um dos mais populosos da cidade e com muitos problemas sociais e econômicos.

Após três anos de criação, o grupo de estudos ampliou a atuação devido à inserção das alunas em várias escolas de ensino médio do município de Arapiraca.

A coordenadora do grupo é a professora da rede municipal de ensino Ana Karlla Messias, atualmente gerente do Núcleo de Formação de Professores da Secretaria Municipal de Educação (Smed).

A experiência com o grupo de estudos tornou-se tema de pesquisa e dissertação da professora, que está finalizando o mestrado na Universidade Federal de Sergipe, a professora produziu uma cartilha afro feminista de ensino de História, para que outros professores tenham iniciativas semelhantes.

Ela conta que as próprias alunas batizaram o grupo em homenagem a Tereza de Benguela, que foi uma líder negra quilombola no estado do Mato Grosso no século 18.

Sob sua liderança, a comunidade negra resistiu à escravidão por duas décadas até sua prisão e morte.

Veja na íntegra o poema em cordel, produzido pela estudante Myllena Kevany:

Mulheres na História:

Quero ser a flor da resistência,

A que nasce do asfalto.

Quero ser Marielle,

E ela deixou sementes, eu ressalto.

A silenciaram com tiros,

Mas as flores falam cada vez mais alto.

Quero ser Sonia Guimarães,

E não ter minha inteligência questionada.

Quero fazer o que quiser,

E não ser subjugada.

Quero poder fazer minhas escolhas,

E por elas não ser discriminada.

Tenho o meu lugar,

E como Rosa Parks, eu não vou ceder.

Quero ter mais espaço,

E nele vou permanecer.

Luto pelos meus direitos,

E a ninguém vou me submeter.

Quero ter a resistência de Tereza,

De Dandara, a sua bravura.

Rainhas que lideraram,

Mesmo os outros dizendo que é loucura.

Quero ser forte como elas

E mover toda a estrutura.

Quero chegar no espaço,

Assim como Mae Jamison chegou.

Quero conquistar a literatura,

Como Carolina de Jesus conquistou.

Quero contribuir na história,

Sendo quem realmente sou.

Vou me movimentar como Ângela Davis,

E mover comigo a sociedade.

Quero o que de mim foi tirado,

Quero de volta minha liberdade.

Liberdade pra minha cor,

Quero respeito e equidade.

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