Uma quadrilha especializada em golpes financeiros inovou ao utilizar inteligência artificial para criar “sósias” de médicos gaúchos e aplicar fraudes milionárias. O esquema consistia em produzir imagens digitais que imitavam o rosto dos profissionais, a partir de pessoas encontradas nas ruas que possuíam semelhança física com as vítimas. Com isso, a quadrilha conseguia documentos falsos com biometria facial para abrir contas bancárias e realizar empréstimos em nome dos médicos.

De acordo com a investigação policial, os criminosos tinham como alvo médicos do Rio Grande do Sul acima dos 60 anos que usavam o mesmo provedor de email. Inicialmente, os golpistas invadiam as caixas de entrada das vítimas, capturando todas as informações pessoais e dados bancários armazenados nos emails.

Em seguida, eles selecionavam nas ruas indivíduos com características faciais semelhantes aos médicos e usavam sistemas de inteligência artificial para alterar detalhes do rosto dessas pessoas, criando versões digitais que se passavam pelos profissionais reais. Com esses rostos falsificados, a quadrilha produzia documentos oficiais e, utilizando a biometria facial, abria contas em bancos para movimentações fraudulentas, incluindo empréstimos e outras operações financeiras.

Na manhã desta terça-feira (12), a polícia deflagrou uma operação para desarticular o grupo criminoso. Três suspeitos foram presos, incluindo um homem na capital paulista que seria o principal responsável por encontrar os “sósias” usados no golpe.

Ao todo, pelo menos cinco médicos gaúchos foram vítimas confirmadas da quadrilha. Esta operação é a segunda fase da investigação; em junho, as autoridades já haviam detido cinco envolvidos no esquema.

As autoridades reforçam o alerta para que profissionais de saúde, especialmente aqueles que utilizam provedores de email comuns, redobrem a atenção quanto à segurança de suas contas e adotem medidas adicionais, como autenticação em duas etapas, para evitar invasões.

O caso chama a atenção para o uso crescente de tecnologias como a inteligência artificial para práticas criminosas sofisticadas, e reforça a necessidade de atualização constante das ferramentas de segurança digital.