Uma imagem exclusiva, obtida pelo portal Todo Segundo, confirma aquilo que por meses circulou nos bastidores da política alagoana como mera especulação: o “acordão” entre o prefeito de Maceió, João Henrique Caldas (JHC) (PL), o ministro dos Transportes, Renan Filho (MDB), e a procuradora Marluce Caldas, agora oficialmente nomeada ministra do Superior Tribunal de Justiça (STJ).

O encontro em Brasília, revelado pela foto, evidencia o que já vinha sendo ventilado: a reaproximação estratégica entre os grupos Calheiros e Caldas. Fontes próximas à articulação asseguram que o acordo não apenas existe, como avançou de forma significativa nas últimas semanas, culminando na nomeação de Marluce Caldas por indicação direta do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

A nomeação de Marluce Caldas é resultado de uma articulação de alto nível. A costura política envolveu figuras centrais do governo federal — entre elas, a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann — e contou com o peso político dos senadores Renan Calheiros e Renan Filho. O presidente Lula teria atuado pessoalmente na consolidação da indicação, como parte de um acordo mais amplo que pode ter impacto direto na sucessão estadual em Alagoas.

Com Arthur Lira (PP-AL) fora da presidência da Câmara, o grupo Calheiros volta a ocupar com mais liberdade espaços estratégicos no poder central. A fila em Brasília andou — e como disse recentemente o próprio Lula: "rei morto, rei posto."

Os Calheiros não perderam tempo. Com a força, estratégia e a velocidade de um bote de jiboia, já atuam em duas frentes: manter o controle da política alagoana e ampliar sua influência no Judiciário, no Congresso e no governo federal. A indicação de Marluce ao STJ simboliza esse movimento.

JHC: hesitação ou cálculo político?

JHC, por sua vez, tem plena noção da força dos Calheiros na República. O prefeito de Maceió, que até recentemente era visto como potencial adversário de Renan Filho na disputa ao governo de Alagoas em 2026, parece reavaliar seus próximos passos. A interlocução com o grupo rival ganhou força — e, segundo aliados, pode ter como objetivo evitar o risco de uma derrota que o deixaria sem mandato por dois anos.

A manutenção de JHC na Prefeitura até 2028, com a ministra Marluce já empossada no STJ, é considerada por muitos o cenário dos sonhos para os Calheiros. Isso abriria espaço para uma candidatura única ao governo de Alagoas — e Renan Filho, com o aval do Palácio do Planalto e do seu pai, voltaria ao jogo com chances reais de vitória.

A possível candidatura única é, para o senador Renan Calheiros, uma oportunidade histórica. Em 1990, ele quase conquistou o governo estadual, mas foi derrotado por Geraldo Bulhões em uma eleição emblemática na história política de Alagoas. Quase 40 anos depois, a chance de “corrigir a bola na trave” nunca esteve tão próxima, ainda que indiretamente — com seu filho, Renan Filho, como cabeça de chapa.