Dólar hoje 5,649
20° C em Arapiraca, AL Tempo limpo
Política
Postada em 28/05/2025 10:22 | Atualizada em 28/05/2025 10:26 | Por Todo Segundo

Renan x Lira: disputa pelo Senado pode terminar com vitória dupla em 2026

Rivalidade histórica pode dar lugar a vitória conjunta dos dois caciques alagoanos
Renan Calheiros e Arthur Lira podem dividir Senado em Alagoas nas eleições de 2026 - Foto: Reprodução

A corrida para o Senado em Alagoas nas eleições de 2026 promete ser um dos episódios mais marcantes da política brasileira. De um lado, o veterano Renan Calheiros (MDB), com mais de 30 anos de mandato parlamentar e base consolidada no interior.

Do outro, o influente deputado federal Arthur Lira (PP), ex-presidente da Câmara e peça-chave do Centrão em Brasília. Mas, ao contrário do que muitos preveem como um duelo direto, o cenário pode surpreender: Renan e Lira podem ser eleitos juntos, ocupando as duas vagas ao Senado que estarão em disputa.

Dois terços do Senado em jogo

Em 2026, os eleitores alagoanos irão às urnas para escolher dois senadores — já que se trata da eleição de dois terços da Casa, o que ocorre a cada oito anos. O sistema é simples: os dois candidatos mais votados são eleitos, independentemente de partido ou coligação. Cada eleitor pode votar em dois nomes distintos, o que abre espaço para combinações improváveis — inclusive a eleição de dois adversários históricos.

Calheiros: o império do interior

Renan, atual senador, caminha para tentar seu quinto mandato. Mesmo com o desgaste natural do tempo e derrotas em Maceió, ele continua sendo uma das figuras mais influentes da política nacional. Nas eleições municipais de 2024, o MDB conquistou 65 das 102 prefeituras alagoanas, consolidando o domínio do grupo de Renan, que ainda conta com o apoio do governador Paulo Dantas, da maioria da Assembleia Legislativa e de cerca de 90 prefeitos.

Renan aposta nessa capilaridade estadual para manter sua vaga, mesmo enfrentando forte resistência em centros urbanos e entre eleitores jovens. Seu desafio é não apenas garantir sua própria reeleição, mas também evitar que um adversário inesperado desbanque sua influência no Senado.

Lira: estratégia nacional e avanço regional

Arthur Lira, que presidiu a Câmara dos Deputados até fevereiro de 2025, continua sendo um dos homens mais poderosos do país. Sem chance de reeleição à presidência da Câmara, voltou sua atenção para Alagoas. Nos últimos meses, tem intensificado visitas ao estado, investido em emendas parlamentares e articulado alianças com prefeitos e lideranças regionais.

Mesmo com base mais restrita no interior, Lira compensa com popularidade em Maceió, onde mantém aliança com o prefeito reeleito João Henrique Caldas (JHC). Essa dobradinha foi vitoriosa em 2024 e pode se repetir em 2026, caso JHC decida disputar o governo do estado e deixe Lira como único nome forte de seu campo político para o Senado.

Vitória dupla: cenário possível e estratégico

Apesar da rivalidade entre os grupos, analistas não descartam um desfecho que beneficie tanto Renan quanto Lira. Para isso, três condições precisam se confirmar:

1. Manutenção da força eleitoral dos dois candidatos: Ambos precisam garantir votação robusta em seus redutos — o interior para Renan, a capital e os polos urbanos para Lira.

2. Ausência de um terceiro nome extremamente competitivo: Caso JHC, por exemplo, concorra ao Senado, ele pode dividir votos com Lira. Se disputar o governo, pode atuar como cabo eleitoral de Lira, sem roubar votos da mesma base.

3. Eleitorado dividido entre grupos antagônicos: Muitos eleitores podem votar em um nome do grupo de Renan e outro do grupo de Lira — uma prática comum em estados onde as disputas locais superam as nacionais.

Caso essas três variáveis se alinhem, a eleição dupla de Renan e Lira será não apenas possível, mas provável.

O fator JHC

Prefeito reeleito de Maceió, João Henrique Caldas (JHC) ainda não anunciou seu destino em 2026. Se decidir disputar o governo do estado, pode pavimentar o caminho para Lira no Senado. Mas se entrar na corrida senatorial, o cenário muda drasticamente: JHC e Lira disputariam o mesmo eleitorado, dificultando a eleição de ambos e, consequentemente, favorecendo Renan, que tem voto consolidado e menos concorrência direta em sua base.

Cenários possíveis

1. Renan + Lira eleitos: O eleitorado divide os dois votos entre os dois caciques — o mais provável se JHC não disputar o Senado.

2. Renan + JHC eleitos: Lira perde espaço para JHC na capital e não consegue compensar no interior.

3. Lira + JHC eleitos: Renan sofre rejeição e não consegue segurar o avanço urbano dos adversários.

4. Renan isolado no topo: Fragmentação entre os demais candidatos permite a reeleição tranquila de Renan e uma disputa acirrada pela segunda vaga.

Conclusão

A disputa para o Senado em Alagoas em 2026 é, até agora, o palco mais simbólico da rivalidade entre Renan Calheiros e Arthur Lira. No entanto, o sistema de votação e os arranjos regionais podem transformar esse confronto histórico em uma convivência estratégica. Se o eleitorado se mantiver dividido e não surgir uma terceira candidatura com força suficiente, os dois maiores caciques políticos de Alagoas podem sair das urnas como senadores eleitos — e continuar disputando o comando político do estado lado a lado em Brasília.

Comentários

Utilize o formulário abaixo para comentar.

Ainda restam caracteres a serem digitados.
*Marque Não sou um robô para enviar.
Compartilhe nas redes sociais:

Utilize o formulário abaixo para enviar ao amigo.


Instagram