O título do texto contém ironia - bastante ironia. Tanto quanto as críticas - por vezes exageradas - em relação ao perfil de Fernando Diniz.

Em toda a sua carreira, Diniz conviveu com vários questionamentos. Principalmente pelo seu estilo de jogo nada convencional e habitual. Uma maneira de ver e entender o futebol que requer tempo de trabalho - um período mais logo. Tanto para adaptação do elenco, quanto para assimilação e ideias e esquema.

Após alguns reveses no São Paulo e vários momentos de turbulência, seu trabalho dá indícios de que foi entendido pelos atletas. O time é semifinalista da Copa do Brasil e líder isolado do Brasileirão. Além disso, vem jogando um futebol seguro, vistoso e convincente.

Em um meio altamente resultadista e imediatista, Diniz sofreu. Seus times sempre tiveram um bom rendimento em campo. Entre agressividade, posse de bola, volume de jogo e chances criadas. Porém, o que pesava em vários momentos - naturalmente - era o resultado. Pois não adianta ter e conseguir tantas virtudes, se não vencer o jogo.

Uma característica forte do treinador é a convicção. A confiança e a lucidez em seus conceitos. Na coragem que é necessária para jogar futebol. E, também, por isso foi questionado várias e várias vezes. Por acharem que "ele deveria mudar suas ideias para se segurar no cargo".

Diniz não é tradicional. Mas segue seu próprio padrão. Deu um ao São Paulo, inclusive. Com atuações muito consistentes.

Além do fator relacionamento. Onde sua relação com os jogadores é um dos pilares para desempenho em campo. O trato, o espaço, a abertura, a liberdade, a amizade; são fatores primordiais para tudo caminhar certo. Jogadores de futebol gostam disso - de sentirem que são queridos e respeitados. Lógico, sem ultrapassar os limites da hierarquia e do comando.

Os filósofos e poetas do futebol devem estar se perguntando o que mudou para tanta melhora e evolução. Eu digo: o tempo. 

Algumas opiniões, por vezes equivocadas, viam um trabalho de forma superficial. Sua ideia de jogo sempre me agradou. No entanto necessitava de, mais uma vez: tempo. Porque fazer algo comum, que todos conseguem fazer, é mais fácil. Difícil é fazer diferente. Por isso, agora, quem tanto criticava se derrete de amores.

O São Paulo e Fenando Diniz ainda não ganharam nada, logicamente. Mas mostram e comprovam que um conceito de jogo para ser bem executado, requer paciência e um prazo maior. Não se muda metodologia e estilo da noite para o dia. Futebol não é tão simples assim. Se fosse, todos fariam.

Portanto, a admiração pelas ideias - no meu caso - de Diniz aumentaram. Pois a teoria deu lugar à prática e todo seu entendimento de jogo, enfim, começa a se materializar. Bom para ele, excelente para o São Paulo e ruim para os "cornetas" de plantão.