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Brasil
Postada em 14/09/2016 22:04 | Por Todo Segundo

Dallagnol: Lula é comandante máximo da Lava Jato

Procuradores do MPF detalharam denúncias contra ex-presidente
Dallagnol: Lula é comandante máximo da Lava Jato - Foto: Divulgação
Da BandNews FM

Os procuradores do Ministério Público Federal realizaram, nesta quarta-feira (14), uma coletiva de imprensa para detalhar as denúncias feitas contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, sua esposa Marisa Letícia e seis executivos da OAS.

“Hoje, o Ministério Público Federal denuncia Luiz Inácio Lula da Silva como comandante máximo do esquema de corrupção investigado pela Lava jato”, afirmou Deltan Dallagnol.

Segundo o procurador, o objetivo da Operação não é julgar quem Lula é ou quanto o governo dele fez pelo país, mas sim denunciá-lo pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro em uma situação especifica, assim como ver se o PT se envolveu em crimes.

"Sem o poder de decisão de Lula, esse esquema seria impossível, (...) esse esquema criminoso também era movido por integrantes do Partido dos Trabalhadores, que objetivava sua perpetuação criminosa no poder".

O procurador disse ainda que o funcionamento do Mensalão e da Lava Jato dependia do comando de Lula como comandante e como líder partidário.

Os crimes ocorreram, segundo o procurador Deltan Dallagnol, de 2006 a 2016.

OAS
Lula teria recebido repasses de recursos da empreiteira OAS por meio da compra, da reforma e da decoração do tríplex no Guarujá, no litoral de São Paulo, e de um contrato de armazenamento de bens pessoais. O contrato falso foi firmado pela OAS, como se o acervo fosse dela e não do petista.

O procurador Deltan Dallagnol explicou por que executivos da OAS, que recebiam por volta de R$ 100 mil por mês, se corrompiam. "Se eles não se corrompessem eles não estariam lá. Eles eram indicados pelos partidos e, se não aceitassem, não ocupariam esses cargos”.

O esquema, chamado por ele de "perturbador", causou um prejuízo de R$ 42 bilhões aos cofres públicos.

Dallagnol disse que o esquema não estava restrito à Petrobras, mas também à Eletrobras, ao Ministério do Planejamento, ao Ministério da Saúde, à Caixa Econômica Federal e pode até ter alcançado outros órgãos públicos. Ele ainda denominou o governo da época de "propinocracia", ou "regido por propinas".

Cargos
Deltan Dallagnol também detalhou o esquema de distribuição de cargos durante o governo do petista. "Quando Lula assumiu, em 2003, a base aliada era formada por 254 deputados federais. Depois da política de distribuição de cargos, em maio do mesmo ano, já eram 325 na base aliada, ou seja, a maioria".

O procurador ressaltou que partidos como o PP e PMDB, adversários na campanha de 2002, foram trazidos para perto do governo por meio de esquemas de apadrinhamento, como o de Léo Pinheiro e Sérgio Machado.

Dados Gerais da Lava Jato

Dallagnol iniciou a coletiva apontado dados da Operação Lava Jato. Segundo ele, mais de 200 pessoas foram acusadas criminalmente e, deles, apenas 21 estão presos.

De acordo com o procurador, há acusações de que a Operação realiza prisões para conseguir colaborações. No entanto, aponta que, dos 70 acordos de colaboração firmados, cerca de 70% foram feitas com réus soltos.

Ele ainda afirmou que em 95% dos processos que denunciavam abusos da Lava Jato foi legitimado a atuação da operação.

O procurador classificou a operação como “apartidária”. "A corrupção no Brasil não é problema de um partido A ou de um partido B, não é problema de um governo A ou de um governo B", concluiu.

"Lula não pode dizer que não sabia"

Deltan Dallagnol foi categórico: "Lula não pode dizer que não sabia de nada". O procurador disse ainda que o Mensalão e a Lava Jato são "duas faces de uma mesma moeda", dois esquemas de corrupção feitos pelo mesmo governo e pelo mesmo partido.

Entre os condenados no Mensalão próximos a Lula, o procurador citou José Dirceu, Delúbio Soares, Waldemar Costa Neto, Silvio Pereira, José Genoíno, Roberto Jefferson, José Borba e João Paulo Cunha.

Ele ressaltou que, mesmo com a saída de José Dirceu do governo Lula, em 2005, o esquema continuou como Petrolão, o que mostra que não era o ex-ministro da Casa Civil o líder do Mensalão, mas alguém acima dele.
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