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Brasil
Postada em 08/09/2017 23:10 | Por Todo Segundo

Janot denuncia cúpula do PMDB ao Supremo por organização criminosa

PGR acusa grupo por propina de R$ 864 mi e rombo de R$ 5,5 bi à Petrobras
Janot denuncia cúpula do PMDB ao Supremo por organização criminosa - Foto: Divulgação
Do R7

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, apresentou denúncia na tarde desta sexta-feira (8) ao STF (Supremo Tribunal Federal) contra lideranças do PMDB no Senado, grupo que ficou conhecido como o "quadrilhão do PMDB".

Foram denunciados por organização criminosa e recebimento de vantagens indevidas os senadores Renan Calheiros (AL), Edison Lobão (MA), Romero Jucá (RR), Jader Barbalho (PA), Valdir Raupp (RO), Sérgio Machado (CE) e o ex-senador e ex-presidente José Sarney (MA).

O grupo é acusado de receber R$ 864 milhões em propina e provocar um rombo de R$ 5,5 bilhões aos cofres da Petrobras e de R$ 113 milhões aos da Transpetro. Esta é a 34ª denúncia oferecida pela PGR no âmbito da Operação Lava Jato no STF.

Segundo a PGR (Procuradoria-Geral da República), a organização criminosa foi formada em 2002, por ocasião da eleição de Lula à Presidência.

A investigação aponta que, em 2003, Lula teria buscado compor sua base com políticos mais robustos e, por isso, escolheu PMDB e do PP, com quem negociou — na época, tratava-se da segunda e da quinta maiores bancadas da Câmara dos Deputados.

— Em comum, os integrantes do PT, do PMDB e do PP queriam arrecadar recursos ilícitos para financiar seus projetos próprios. Assim, decidiram se juntar e dividir os cargos públicos mais relevantes, de forma que todos pudessem de alguma maneira ter asseguradas fontes de vantagens indevidas.

Outro lado

O advogado dos senadores Romero Jucá e Edison Lobão, Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, afirma que recebeu com "bastante perplexidade" a denúncia e diz esperar pela rejeição do Supremo.

— A partir do momento em que o procurador Rodrigo Janot resolveu denunciar todos os envolvidos dividindo por partido, ele já demonstrou, na primeira denúncia do PP e na segunda que ele fez do PT, que a questão dele é contra os políticos.

Em relação a José Sarney, Kakay, que defende o peemedebista ao lado de José Paulo Sepúlveda Pertence, diz que a situação é "completamente diferente" porque o ex-presidente "já não é senador e não fazia parte dessa discussão de cargo".

— O ex-presidente sequer deveria estar nessa linha de produção porque sequer participou dessas indicações.

Em nota, a assessoria de Valdir Raupp diz que o senador foi acusado injustamente e “irá demonstrar sua inocência” por não ter indicado nenhum dirigente para diretorias da Petrobras e da Transpetro.

“É de se estranhar e causar espanto que a denúncia feita no apagar das luzes da atual gestão da Procuradoria Geral da República, tenha como base delações feitas por pessoas que não conheço e nunca tive qualquer relação pessoal ou política”, destaca o senador.

A defesa do ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado afirmou, em nota que seu cliente "continua colaborando com a Justiça".

Disse ainda que "sua colaboração trouxe provas materiais sobre crimes envolvendo políticos e fornecedores da Transpetro, que vêm sendo confirmados por outras colaborações, e já resultou na instauração de diversos procedimentos perante o Supremo Tribunal Federal, além de inquéritos policiais na Subseção Judiciária de Curitiba".

A reportagem do R7 procurou as assessorias dos senadores Jader Barbalho e Renan Calheiros, mas não obteve retorno até a publicação deste texto.

Outras denúncias
As investigações por organização criminosa, que tiveram início em 2015, na primeira leva de inquéritos da Lava Jato encaminhada ao STF, têm sido transformadas em denúncias na reta final de Janot.

O procurador-geral da República quer concluir as acusações contra parlamentares dos três principais partidos que teriam atuado na Petrobras — PP, PT e PMDB — antes de deixar o cargo.

Janot já encaminhou as denúncias com relação ao PP e ao PT e, agora, sua equipe conclui as peças sobre o PMDB do Senado e da Câmara.

O procurador-geral chegou a pedir ao ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo, a inclusão do presidente Michel Temer na investigação relacionada ao chamado "quadrilhão" do PMDB da Câmara. Fachin não incluiu o nome do presidente, mas disse que o procurador poderia seguir nas investigações relacionadas à JBS.

Apesar de o pedido não ter sido atendido, a PGR apura a suposta atuação do presidente no que considera uma organização criminosa formada por políticos e operadores para praticar crimes de corrupção e lavagem de dinheiro. O presidente nega as acusações.
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