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Brasil
Postada em 03/04/2016 00:05 | Por Todo Segundo

Lula diz que assume Casa Civil na quinta, se STF aprovar

Ele afirmou ainda esperar que Michel Temer "aprenda sobre eleições"
Lula diz que assume Casa Civil na quinta, se STF aprovar - Foto: Divulgação
Em ato contra o impeachment realizado em Fortaleza (CE), o ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva afirmou neste sábado (2) que assumirá o comando da Casa Civil na próxima quinta-feira (7), se o plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) reverter decisão que o impediu de ir para o ministério.

Indicado para comandar um dos ministérios mais importantes do governo, Lula chegou a tomar posse, mas não pode assumir o cargo por causa de uma liminar (decisão provisória) do ministro Gilmar Mendes, do STF.

O ministro entendeu que houve “desvio de finalidade” na indicação feita por Dilma. Na visão de Gilmar Mendes, a presidente nomeou Lula para que ele deixasse de ser investigado e julgado na primeira instância, pelo juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba. Ministros de Estado têm foro privilegiado no STF. A decisão de Gilmar Mendes será submetida ao plenário do Supremo, que poderá mantê-la ou derrubá-la.

Temer
No discurso, diante dos participantes da manifestação pró-Dilma, Lula disse ainda esperar que o vice-presidente da República, Michel Temer, "aprenda sobre eleições".

“Eu perdi muitas eleições. E eu quero que ele [Temer] aprenda sobre as eleições. O Temer é um professor de direito e sabe que o que estão fazendo é um golpe. E isso, ele sabe que vão cobrar é dos filhos dele, é do neto dele, amanhã. Porque a forma mais vergonhosa de chegar ao poder é tentar derrubar um mandato legal”, declarou o ex-presidente.

Procurada, a assessoria de imprensa do vice-presidente afirmou que "justamente por ser professor de direito constitucional, Michel Temer tem ciência de que não há golpe em curso no Brasil".

No caso de o impeachment ser aprovado pelo Congresso, Temer é quem assumirá a Presidência da República. Nos últimos meses, ele comandou as articulações para que o PMDB rompesse com o governo Dilma, o que foi oficializado no dia 29 de março. Desde então, petistas têm engrossado as críticas ao vice-presidente.

"Clima de ódio"
No discurso, Lula afirmou também que o país vive um "clima de ódio" nunca visto antes e disse que "defender o impeachment" da presidente Dilma Rousseff é agir "como golpista".

"Eu estou estranhando um pouco o que está acontecendo no nosso país. Eu completei 70 anos de idade. Vivo neste país fazendo política e nunca vi um clima de ódio estabelecido no país como está estabelecido agora. Aqueles que amam a democracia aqueles que gostam de fazer política [...] querem que se respeite a coisa mais elementar, que é o respeito ao voto popular que elegeu a Dilma”, discursou diante do público presente ao ato.

Ato em Fortaleza

O evento em Fortaleza começou por volta de 9h, com apresentações de artistas locais e, em seguida, começaram os discursos. A oranização estima em 65 mil o número de participantes. Inicialmente a estimativa feita pela organização era de 56 mil pessoas. A Polícia Militar fala em 10 a 12 mil.

Os manifestantes estão na praça mesmo debaixo de chuva. “Viemos preparadas com guarda-chuva, mas não vamos deixar de defender a presidente Dilma, Lula e a democracia. Estamos em um momento que precisamos de união e a participação de todos na luta é importante', disse Dona Teresa, que foi à praça com amiga Laire. A capital cearense tem chuvas fortes desde a última quarta-feira (30).

Fã de Lula, Francisco Aldebran exibe fotos do ex-presidente e bandeiras com imagem da presidente Dilma Rousseff, que sofre um processo de impeachment do Congresso Nacional. "Pela primeira vez, um presidente passou a olhar para as pessoas mais humildes, essa luta tem que avançar, mas a elite política não quer permitir, com um golpe político', disse.

Antes de Lula discursar, o governador do Ceará, Camilo Santana (PT), afirmou que não houve cometimento de crime de responsabilidade por parte da presidente Dilma.

“Nesse momento, estão tentando fazer o impeachment, para tirar nossa presidente. Nós não aceitamos isso porque não existe crime de responsabilidade. Isso é golpe, isso é golpe, presidente. Vamos defender a democracia. Não vai ter golpe!”, declarou.

Do G1
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