O marqueteiro do PT João Santana e sua mulher, Mônica Moura, confessaram em depoimento de delação premiada que receberam dinheiro de caixa 2 referente a uma dívida de R$10 milhões da campanha presidencial de 2010 de Dilma Rousseff. O dinheiro teve origem suja: foi roubado da Petrobras em contrato superfaturado com o estaleiro Keppel Fels, representado no Brasil pelo lobista Zwi Skornicki.

Segundo Santana e Mônica falaram ao juiz Sérgio Moro, em depoimentos separados, nesta quinta-feira, 21, Skornicki foi indicado pelo então tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, como a pessoa que pagaria a dívida de campanha de Dilma. O pagamento foi parcelado em depósitos na conta do marqueteiro na Suíça, como apontava o Ministério Público Federal. Santana admitiu que sabia ser ilegal essa forma de pagamento, mas jamais imaginou que sua origem era suja.

Esses novos depoimentos alteram a versão inicial de ambos, mas tanto Santana quanto Mônica afirmaram que pretendiam proteger Dilma, por isso não contaram a verdade. Santana disse mesmo que como ajudou a eleger a presidente, não queria ajudar a destituí-la.

“Esse pagamento foi referente a uma dívida de campanha que o PT ficou devendo da campanha de 2010, da primeira campanha da presidente Dilma. Ficou uma dívida de quase R$ 10 milhões de reais, que não foi paga, foi protelada. Cobrei muito, eu fiquei com muitas dívidas. Depois de dois anos de luta conversei com o Vaccari (João Vaccari Neto, tesoureiro do PT), que era quem acertava comigo os pagamentos de campanha, e ele me mandou procurar um empresário que queria colaborar”, disse Mônica Moura.

O empresário citado é Zwi Skornicki, que representava o estaleiro Keppel Fels, que também prestou depoimento ao juiz Sérgio Moro, confirmou ter pagado propina em todos os contratos firmados pela Keppel com a Petrobras. Zwi também confirmou haver recebido Mônica Moura, em conversa "curta e grossa", para acertar o pagamento.

De acordo com as investigações, a empresa do marqueteiro do PT recebeu US$4,5 milhões de Zwi Skornicki, entre 2013 e 2014, em uma conta no exterior. Santana também recebeu US$3 milhões de offshores ligadas à Odebrecht, entre 2012 e 2013, diz a denúncia do MPF.

Do Diário do Poder