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Postada em 08/08/2016 16:43 | Atualizada em 08/08/2016 17:07 | Por Todo Segundo

Quadrilha é presa por clonar cartões e revender ingressos da Rio 2016

Grupo de dez detidos revendia entradas por preços inferiores aos oficiais. Boxes na rodoviária Novo Rio eram usados para guardar máquinas.
Quadrilha é presa por clonar cartões e revender ingressos da Rio 2016 - Foto: Divulgação
  Dez pessoas foram presas por formação de quadrilha e estelionato após revender ingressos para a Olimpíada comprados com cartões de crédito clonados, informa nesta segunda-feira (8) a Polícia Civil do Rio, onde ocorreram as prisões. Pelo menos 20 ingressos foram apreendidos com o grupo, que atuava a partir de São Paulo.

O delegado titular da 20ª DP (Vila Isabel), Hilton Alonso, afirmou em entrevista coletiva que as prisões ocorreram na sexta-feira (5), poucas horas antes da cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos, iniciada às 19h. Alguns dos presos, que atuavam atraindo potenciais clientes, disseram que voltariam a São Paulo no dia seguinte.

Nove pessoas foram presas na Rua Visconde de Itamarati, próximo à rua São Francisco Xavier. A décima foi presa na rodoviária Novo Rio. Lá, o grupo mantinha 20 ingressos, cartões de crédito, vouchers para retiradas de entradas já adquiridas e máquinas de cartão, além de R$ 2 mil.

"No dia [sexta-feira, 5], colocamos a equipe em campo e conseguimos identificar e prender todos. Um deles fugiu, mas conseguimos prendê-lo na Rodoviária Novo Rio, onde eles tinham vários boxes para guardar seus pertences", afirmou Alonso.

O delegado disse que chegou a se passar por cliente para verificar como o sistema funcionava. "Nós vamos enviar ao COI [Comitê Olímpico Internacional] os ingressos que identificarmos. Mas provavelmente quem comprou esses ingressos pode ir aos jogos", completou.

O líder da quadrilha, Carlos Roberto dos Santos, declarou à polícia que a quadrilha conseguia revender os ingressos por preço inferior ao oficial justamente porque eram comprados com cartões clonados.

Os oito dos ingressos da abertura para o setor A apreendidos, por exemplo, tinham preço estampado de R$ 4,6 mil, mas eram oferecidos pelos criminosos por R$ 3 mil. De acordo com a policia, cada membro do grupo esperava ter um lucro de R$ 40 mil a R$ 50 mil. O valor das entradas era negociado caso a caso.

"Eles esperavam um lucro líquido exorbitante, já que usavam cartões fraudados e tinham custo zero", afirmou o delegado-assistente, Gilberto Ribeiro. Ele falou sobre agilidade na decretação das prisões preventivas.

"Diferentemente de outras prisões de cambistas na Olimpíada, a Justiça entendeu que os elementos eram suficientes para decretar a prisão preventiva deles, que está ligada ao potencial lesivo. Muitas vítimas vão perceber na fatura de seus cartões que foram vítimas dessas quadrilhas."

Além de Carlos Roberto dos Santos, foram presos Gilberto João dos Santos, João Maurício Santana de Souza, Kleber Valença Pereira, Vando Valença Pereira, Henrique Domingues Magalhães, Ronilson Santos da Paz, Denílson Bernardes de Mendonça; Paulo Gabriel dos Santos Oliveira e Gerson Ferreira de Oliveira.

Irlandês preso com ingressos
Também na sexta-feira (5), a polícia do Rio prendeu o irlandês Kevin James Mallon, diretor da empresa britânica THG. Mallon foi encontrado com 32 ingressos falsos para a Olimpíada e autuado por associação criminosa, marketing por emboscada e facilitação ao cambismo. A THG também está envolvida na máfia dos ingressos para a Copa do Mundo de 2014.

De acordo com a polícia, além dos ingressos falsos, o irlandês vendia entradas oficiais "por preços altíssimos".

Cada ingresso para a abertura da Rio 2016 era vendido a US$ 8 mil (cerca de R$ 25,4 mil), de acordo com os investigadores. "Com esses ingressos, essa empresa conseguiria lucros de até R$ 10 milhões", disse o delegado Ricardo Barbosa, da Delegacia de Defraudações, nesta segunda-feira (8).

A THG foi a empresa responsável pela venda oficial de ingressos para a Olimpíada de 2012, em Londres, mas não estava credenciada para repassar ou vender entradas para os Jogos do Rio. A THG comprou os ingressos por meio da empresa Cartin, que estava credenciada para essas operações.

"Chegamos a um hotel na Barra da Tijuca, no qual essa empresa entregaria os ingressos aos compradores e os levaria ao Maracanã. Lá, os policiais agiram", explicou o delegado que comandou a operação.

Os 20 compradores que estavam no hotel foram levados à Cidade da Polícia, no Jacaré, Zona Norte do Rio, e Kevin James foi preso em flagrante. Em seguida, a polícia conseguiu um mandado de busca e apreensão, com o qual 781 ingressos oficiais foram recuperados.

"Eram ingressos muito qualificados, para as cerimônias de abertura e encerramento", disse Barbosa. Segundo ele, os compradores das entradas são considerados apenas testemunhas no caso.

Do G1
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