Por Davi Soares / Diário do Poder

Como efeito cascata da perda de poder político do pai em Brasília, o governador de Alagoas, Renan Filho (PMDB), está tendo dificuldades para fechar sua reforma administrativa, esperada desde novembro de 2016. Já levou um não do ex-governador e deputado federal Ronaldo Lessa (PDT-AL). E, nesta quinta-feira (5), marcou de conversar com o senador e ex-presidente Fernando Collor (PTC-AL), para tentar convencê-lo a permanecer apoiando seu governo.

Se mantiver o discurso que tem feito abertamente sobre o governador Renan Filho, Collor fará duríssimas críticas ao perfil de gestão do filho do presidente do Senado Renan Calheiros (PMDB-AL). Mesmo tendo indicado o agropecuarista Álvaro Vasconcelos para o comando da pasta da Agricultura, o ex-presidente resume como uma "tragédia" o desempenho político de Renan Filho.

“Não ouve ninguém. Sabe tudo. Individualista. Perdeu quase todas as prefeituras por não saber fazer política”, têm dito Collor, sobre o governador.

EFEITO RENAN
A reforma administrativa de Renan Filho coincidiu com a derrocada de seu pai, considerado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) como imprestável para figurar na linha sucessória do presidente da República Michel Temer (PMDB), por se tornar réu em ação penal em dezembro de 2016 por desvio de dinheiro público para pagamento de pensão de uma filha que teve fora do casamento.

Alvo de 11 inquéritos, sendo oito resultantes da Operação Lava Jato, Renan Calheiros já não é visto como fator de incentivo para a adesão de aliados ao governo de Renan Filho. Collor também é alvo de denúncia do Ministério Público Federal (MPF).

Collor reproduz uma insatisfação que também contamina a bancada governista de Renan Filho na Assembleia Legislativa. Mas um secretário estadual disse ao Diário do Poder que o governador prioriza o perfil técnico do governo, em detrimento de pedidos políticos. "É uma característica do governador que ele quer preservar", resumiu.