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Luan Moraes

Sobre o autor

Possui graduação em História pela Universidade Estadual de Alagoas, especialização em Gestão e Coordenação Pedagógica pela Faculdade São Tomás de Aquino e mestrado em História Social pela Universidade Federal de Alagoas.
Postada em 18/12/2025 23:11 | Atualizada em 18/12/2025 23:12

O professor como arquiteto da aprendizagem na era da informação

Como o resgate da lousa e o uso de mapas mentais estão transformando o ensino de História, combatendo a apatia escolar e engajando milhares de jovens através da síntese visual.
Mapa Mental do 2º Reinado - Foto: Prof. Luan Moraes

O ensino de História nas salas de aula brasileiras atravessa uma crise de sentido. Entre o volume avassalador de conteúdos e a apatia gerada por métodos puramente mnemônicos, o aluno muitas vezes se perde em um "tempo homogêneo e vazio", como alertava Walter Benjamin. Diante desse cenário, minha prática tem buscado uma resposta que não reside em tecnologias complexas, mas na recuperação da lousa como um espaço vivo de construção.


Quando entrei em uma sala de aula pela primeira vez, em 2015, o cenário era desolador: em pleno século XXI, imperavam professores presos a slides estáticos e leituras monótonas de livros didáticos. Inovar era uma exceção, não a regra. Foi nesse contexto que decidi inserir meus desenhos no processo educativo. De início, enfrentei críticas; o desenho era visto por alguns como uma "distração" ou simplificação. No entanto, o tempo e os resultados inverteram o jogo. Hoje, o método não apenas define minha identidade docente, como ressoa com uma comunidade de quase 60 mil seguidores nas redes sociais, provando que há uma sede por novas linguagens no ensino.


Ao adotar os mapas mentais, percebo que o papel do docente se desloca: deixamos de ser meros transmissores de dados para nos tornarmos arquitetos da aprendizagem. Não se trata apenas de desenhar; trata-se de oferecer os "andaimes" para a autonomia intelectual, como propunha Vygotsky. O mapa mental é a materialização desse processo, transformando informações isoladas em estruturas de conhecimento onde o aluno consegue visualizar a lógica interna da história.


Quando desenho o Segundo Reinado ou as tensões do Período Regencial, não estou apenas resumindo fatos. Estou ajudando o indivíduo a captar o mundo e colocá-lo em ordem, conferindo sentido ao que antes era caos. Como defende Joël Candau, é através da memória organizada que estruturamos nossa própria identidade no tempo e no espaço.


O sucesso dessa metodologia não reside na ferramenta em si, mas na mediação estratégica. Ao verem os "relampejos" das conexões históricas surgirem na lousa em tempo real, os alunos deixam de ser receptores passivos para se tornarem protagonistas da própria compreensão. Em última análise, ser um arquiteto da aprendizagem é entender que a inovação pedagógica nasce da nossa capacidade de criar linguagens que ajudem o aluno a ler o mundo e, finalmente, a se situar nele.

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