Dólar hoje 5,814
30° C em Arapiraca, AL Parcialmente nublado
Luan Moraes

Sobre o autor

Possui graduação em História pela Universidade Estadual de Alagoas, especialização em Gestão e Coordenação Pedagógica pela Faculdade São Tomás de Aquino e mestrado em História Social pela Universidade Federal de Alagoas.
Postada em 13/04/2024 17:32 | Atualizada em 13/04/2024 17:34

Hino Nacional: entenda seu significado de uma vez por todas

Composto por Francisco Manuel da Silva (música) e Joaquim Osório Duque Estrada (letra), o hino nacional foi oficializado em 1922 e é um dos símbolos nacionais
13 de abril é o dia do Hino Nacional - Foto: Professor Luan Moraesn no Instagram

O Hino Nacional Brasileiro, de composição de Francisco Manuel da Silva (melodia) e Joaquim Osório Duque Estrada (letra), tem suas origens nos versos de um poema de Duque Estrada, escrito em 1909. Dessa forma, por ter sido escrito no início do século XX, a maior parte das palavras utilizadas já caíram em desuso no português falado diariamente pelos cidadãos brasileiros. Por isso, muita gente não sabe e nem entende o seu significado.

Outro fator que pode dificultar o entendimento é o estilo literário do texto. Ele é escrito seguindo a escola parnasiana, portanto, em sua letra predominam metáforas e construções de significado complexas, o que exige uma leitura mais atenta e um conhecimento de vocabulário amplo. Por isso, preparei uma explicação dos significados escondidos no Hino Nacional Brasileiro. Vamos lá!

Ouviram do Ipiranga as margens plácidas
De um povo heroico o brado retumbante
E o sol da Liberdade, em raios fúlgidos
Brilhou no céu da Pátria nesse instante

Na primeira estrofe, existe a referência ao suposto grito do Ipiranga, momento retratado na pintura de Pedro Américo. O Rio, na verdade um riacho, localizado, em São Paulo, de onde Dom Pedro I, teria proclamado a Independência do Brasil.

O “brado retumbante”, é uma maneira de mencionar o eco do grito do Imperador que, naquele momento, representava a vontade do povo brasileiro pela independência. A menção ao sol e raios de luz aludem a ideia de liberdade, referindo-se ao fato de o Brasil não ser mais uma colônia portuguesa.
Essa referência recorrente à expressões ligadas à luz também podem ser entendidas como uma citação ao Iluminismo, corrente de pensamento originada no século XVIII que defendia o poder pela razão e inspirou movimentos, como a independência dos Estados Unidos (1776) e a Revolução Francesa (1789).

Se o penhor dessa igualdade
Conseguimos conquistar com braço forte
Em teu seio, ó Liberdade
Desafia o nosso peito a própria morte!

O “Penhor” mencionado neste contexto pode ser compreendido como uma garantia, e um direito. Embora tenha imposto a primeira constituição brasileira, Pedro I, era liberal em algumas de suas práticas, logo seguindo a ótica do que está no Hino, o direito de igualdade enquanto Estado, foi uma conquista dos comandantes do Brasil.

O desafiado à morte, pode ser entendido literalmente, pois remete a frase "Independência ou Morte", que teria sido, supostamente, dita pelo Imperador D. Pedro I, às margens do riacho Ipiranga.

Ó Pátria amada
Idolatrada
Salve! Salve!

Um conjunto de saudações ao país, que se entender ser adorado e venerado por sua gente.

Brasil, um sonho intenso, um raio vívido
De amor e de esperança à terra desce
Se em teu formoso céu, risonho e límpido
A imagem do Cruzeiro resplandece

Uma vez mais, a referência à luz se faz presente, em conjunto com o ideal de sonho realizado, criando expectativa pelos anos que virão já que o Brasil não é mais colônia de Portugal. Além disso, no trecho seguinte, se destaca o céu belo, claro e que dá esperanças, além da tentativa de criação de uma identidade territorial, representada pela constelação do Cruzeiro do Sul, que brilha absoluta. A palavra risonha, neste contexto, é uma alusão às promessas criadas a partir da independência.

Gigante pela própria natureza
És belo, és forte, impávido colosso
E o teu futuro espelha essa grandeza

Neste trecho, há clara alusão a geografia do Brasil com destaque para a sua extensão territorial. Nos versos seguintes, esse território é elogiado, fazendo uma comparação entre a grandeza territorial e a coragem do povo que é esperada no futuro.

Terra adorada
Entre outras mil
És tu, Brasil
Ó Pátria amada!

Mais elogios em tom patriótico, ressaltando a singularidade do Brasil que, entre todos os outros lugares do mundo, é mais amado por aqueles quem vivem ou já viveram nestas terras.

Dos filhos deste solo és mãe gentil
Pátria amada
Brasil!

O Brasil é uma mãe generosa para os brasileiros.

Deitado eternamente em berço esplêndido
Ao som do mar e à luz do céu profundo
Fulguras, ó Brasil, florão da América
Iluminado ao sol do Novo Mundo!

Atente, nesse momento, que o berço é uma metáfora para a localização regional do Brasil no mundo. Neste caso, esse berço esplêndido é a América. Isso fica evidente em “florão da América”, pois o Brasil é uma pátria jovem, num continente grande. As referências à luz, a natureza, o céu e o mar, presentes desde o início da composição, fazem parte do cenário brasileiro como uma referência constante, principalmente se levarmos em conta os textos dos viajantes e cronistas portugueses que, desde os tempos do descobrimento, relatam a exuberância destes recursos.

Do que a terra mais garrida
Teus risonhos, lindos campos têm mais flores
"Nossos bosques têm mais vida"
"Nossa vida" no teu seio "mais amores"

Essa estrofe, como um todo, faz referência aos campos do Brasil como abundantes de possibilidades. A exaltação da natureza e as promessas para quem mora nas terras do Brasil. Com essa vida, novamente a generosidade acolhedora da pátria é mencionada. A curiosidade fica por conta das aspas originais em "Nossos bosques têm mais vida", "nossa vida" e "mais amores", servem para marcar trechos emprestados do poema Canção do Exílio, de Gonçalves Dias. Infelizmente, muita gente nem lembra disso, mas este é um dos mais belos poemas do Romantismo Brasileiro.

Ó Pátria amada
Idolatrada
Salve! Salve!

Repetição das saudações em tom patriótico.

Brasil, de amor eterno seja símbolo
O lábaro que ostentas estrelado
E diga o verde-louro desta flâmula
- Paz no futuro e glória no passado

Aqui, as cores do símbolo nacional da Bandeira são descritas de forma poética. O lábaro, é o céu, enfeitado com as estrelas que representam os estados, uma modificação do símbolo feita na República, já que o orbe azul ficou no lugar do brasão da família imperial. Já os clássicos verde e amarelo, da flâmula (bandeira), aludem as conquistas passadas e um futuro de paz. Curiosidade: o termo “verde-louro” quer dizer verde e amarelo, a cor louro era associada a uma tonalidade amarelo-acastanhada da folha quando secava.

Mas, se ergues da justiça a clava forte
Verás que um filho teu não foge à luta
Nem teme, quem te adora, a própria morte

A possibilidade de guerra e a manutenção da soberania aparecem neste trecho. A clava é uma arma, usada aqui como a força que os brasileiros têm para a luta. O país pode contar com os cidadãos, que enfrentam as dificuldades e não desistem de lutar por seus direitos, mesmo que precisem morrer pelo seu país.

Terra adorada
Entre outras mil
És tu, Brasil
Ó Pátria amada!

Dos filhos deste solo és mãe gentil
Pátria amada
Brasil!

Repetição das saudações à pátria e das singularidades do Brasil.

Deste modo, você ficou sabendo dos significados escondidos na letra do Hino Nacional Brasileiro. Para mais contéudo, me siga no instagram.

O site Todo Segundo não se responsabiliza pelos conteúdos publicados nos blogs dos seus colaboradores.
Comentários

Utilize o formulário abaixo para comentar.

Ainda restam caracteres a serem digitados.
*Marque Não sou um robô para enviar.
Compartilhe nas redes sociais:

Utilize o formulário abaixo para enviar ao amigo.


Instagram