Dólar hoje 5,654
29° C em Arapiraca, AL Tempo limpo
Polícia
Postada em 10/05/2025 11:07 | Atualizada em 10/05/2025 11:43 | Por Todo Segundo

‘Cadê os assassinos?’: ato em memória de Gabriel Lincoln pede justiça

Palmeira dos Índios se uniu em ato por Gabriel: gritos de revolta e emoção marcaram a manifestação
“Cidade para por Gabriel: manifestação cobra justiça e emociona familiares e moradores” - Foto: Todo Segundo

Familiares, amigos e centenas de moradores de Palmeira dos Índios se reuniram na manhã deste sábado (10), para prestar homenagem a Gabriel Lincoln Pereira da Silva, de 16 anos, morto durante uma ação da Polícia Militar no final da semana passada. A passeata, marcada exatamente para o 7º dia da morte do adolescente, emocionou participantes e reforçou o apelo por justiça.

A concentração começou por volta das 7h, em frente ao pequeno negócio recém-inaugurado por Gabriel, próximo à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da cidade. Vestidos com camisas estampadas com o rosto do jovem e mensagens como “Justiça por Gabriel”, os manifestantes seguiram por ruas do município, passando pelo local onde o adolescente foi atingido, até chegar à Praça do Açude, na região central.

Em um dos momentos mais emocionantes do ato, os participantes pararam no ponto onde Gabriel foi baleado e, de mãos dadas, rezaram um Pai-Nosso. Enquanto a oração era feita, o pai de Gabriel, José Roberto da Silva, se ajoelhou no chão onde o filho caiu, visivelmente abalado, arrancando lágrimas de muitos que acompanhavam a cena.

Ao longo da caminhada, os manifestantes também entoaram gritos de protesto, como: “Gabriel era um menino, não era assassino! Gabriel era um menino, cadê os assassinos?” As palavras de ordem ecoaram pelas ruas da cidade, seguidas por aplausos e manifestações comovidas.

No encerramento do ato, a tia de Gabriel, Flávia Ferreira, fez um apelo comovente: “Não podemos nos calar. Ontem ocorreu um crime e o suspeito já foi preso”, disse ela, em referência ao latrocínio que vitimou o policial militar reformado Cícero Irineu dos Santos, em Maceió. Ela ainda pediu que a população continue mobilizada: “Sigam protestando nas redes sociais. Essa luta é por Gabriel, mas também por todos que não têm voz.”, completou.

Em seguida, o pai de Gabriel, José Roberto da Silva, acompanhado do filho mais novo e da mãe do adolescente, também se pronunciou. Ainda bastante emocionado após ter se ajoelhado no local da morte do filho, agradeceu a presença de todos. “Cada pessoa aqui nos dá força para seguir. A dor é imensa, mas ver tanta gente unida por justiça nos conforta um pouco. Obrigado de coração”, agradeceu.

Durante todo o trajeto, um carro de som acompanhou a caminhada, transmitindo mensagens de protesto, músicas de homenagem e discursos de familiares. O trânsito foi organizado com o apoio da Superintendência Municipal de Transporte e Trânsito (SMTT), garantindo a segurança e fluidez do percurso. Dezenas de motocicletas também acompanharam a manifestação com um forte buzinaço, reforçando o cortejo em apoio à causa da família.

A mobilização foi articulada principalmente por meio de grupos de WhatsApp criados pela família, que têm sido usados para compartilhar informações sobre o caso, divulgar ações de apoio e unir a comunidade em torno da causa. Camisas produzidas por uma fábrica local ao custo de R$ 20 foram utilizadas como forma simbólica de protesto e memória.

Entenda o caso

Gabriel Lincoln Pereira da Silva morreu na noite de sábado (3), após ser baleado durante uma perseguição policial no bairro Vila Maria, em Palmeira dos Índios.

De acordo com relatos iniciais, o adolescente teria sido atingido por um disparo efetuado por agentes da Polícia Militar durante a ação. A família nega que ele estivesse armado e aponta possível uso excessivo de força por parte dos policiais.

O caso está sendo investigado pela Polícia Civil, com acompanhamento do Ministério Público e de entidades de defesa dos direitos humanos. Até o momento, a Secretaria de Segurança Pública ainda não divulgou detalhes sobre o andamento da apuração nem os nomes dos policiais envolvidos.

A família de Gabriel segue cobrando transparência, rigor e justiça. “Não vamos descansar até que tudo seja esclarecido”, reforçou José Roberto da Silva ao fim da passeata.

Comentários

Utilize o formulário abaixo para comentar.

Ainda restam caracteres a serem digitados.
*Marque Não sou um robô para enviar.
Compartilhe nas redes sociais:

Utilize o formulário abaixo para enviar ao amigo.


Instagram