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Alagoas
Postada em 13/10/2025 16:25 | Atualizada em 13/10/2025 16:33 | Por Todo Segundo

Pesquisa aponta Alagoas entre estados com maior risco de abuso sexual infantil

Levantamento nacional coloca Alagoas entre os estados com maior risco para meninas
Alagoas entre os estados com maior vulnerabilidade de meninas à violência sexual - Foto: Reprodução

Em Alagoas, a violência contra meninas segue em alta e assume novas formas a cada ano — muitas delas agora dentro do ambiente digital. Os dados reforçam o cenário revelado pela pesquisa “Percepções sobre violência e vulnerabilidade de meninas no Brasil”, realizada pelo Instituto QualiBest, que ouviu 824 pessoas de todas as regiões do país e de diferentes classes sociais.

O alerta ganha força após a prisão de um professor de inglês e de outro homem durante a Operação Nacional Proteção Integral III, da Polícia Federal, deflagrada na última semana em Palmeira dos Índios e Santana do Ipanema. O caso evidencia como o estado também enfrenta as novas faces da violência digital.

De acordo com o levantamento, 87% dos brasileiros afirmam que a violência sexual é o tipo de agressão que mais vitima meninas no país, enquanto 43% a consideram a violência mais comum. Além disso, 90% dos entrevistados reconhecem a adultização de meninas — quando são tratadas como mulheres — como uma forma de violência. Desses, 61% afirmam que essa prática é “totalmente violenta”.

Para Ana Nery Lima, especialista em gênero e inclusão da Plan Brasil, o reconhecimento de todas as formas de violência é essencial para que meninas consigam identificar e denunciar abusos.

“Quando falamos de violência de gênero, muitos pensam apenas na agressão física. Mas há uma série de violências simbólicas e psicológicas que antecedem o feminicídio”, destaca.

O estudo mostra que seis em cada dez brasileiros acreditam que as meninas estão mais vulneráveis hoje do que há uma década. Entre pais e mães, essa percepção chega a 69%.

A internet e as redes sociais foram apontadas como o ambiente mais perigoso para meninas por 83% dos entrevistados, superando até o risco dentro das próprias casas (33%).

Para Juliana Cunha, diretora da SaferNet Brasil, esse dado é preocupante, já que a maioria dos casos de violência sexual ocorre dentro do lar, praticados por pessoas conhecidas.

“Ainda há uma crença de que o perigo vem de estranhos, quando, na realidade, ele está muitas vezes dentro de casa ou entre pessoas de confiança”, explica.

A pesquisa também alerta para a crescente ameaça dos crimes digitais, especialmente o uso de deepfakes sexuais — montagens feitas com inteligência artificial que inserem o rosto de meninas em imagens íntimas, sem consentimento.

Segundo a SaferNet Brasil, entre 2023 e 2024 foram identificados casos em escolas de dez estados brasileiros, incluindo Alagoas, com vítimas e agressores todos menores de idade. Em quase todos os episódios, os crimes aconteceram em instituições de ensino particulares, reforçando a necessidade de políticas de prevenção digital e educação sobre segurança online.

O levantamento do Instituto QualiBest também aponta que 51% dos pais permitem que filhos e filhas menores de 18 anos mantenham perfis nas redes sociais, e 74% publicam fotos das crianças. Apenas 6% admitem fazê-lo em perfis abertos, enquanto 8% não aplicam restrições.

Para especialistas, essa exposição aumenta a vulnerabilidade e pode favorecer abusos, aliciamentos e manipulações online. Por isso, 92% dos entrevistados defendem a responsabilização de adultos que lucrem ou exponham meninas na internet. “É fundamental falar sobre consentimento, privacidade e respeito nas escolas e nas famílias. A prevenção começa com diálogo e educação digital”, reforça Ana Nery Lima.

Com casos confirmados de deepfakes em escolas e prisões recentes por crimes digitais, Alagoas aparece entre os estados com maior necessidade de ações de prevenção e proteção digital. Especialistas defendem políticas públicas voltadas à educação midiática, à segurança online e à capacitação de professores e famílias.

“O problema não é apenas virtual. Ele reflete uma cultura que ainda sexualiza meninas e normaliza comportamentos abusivos. Alagoas precisa estar atenta a esse cenário”, conclui Ana Nery.

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