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Alagoas
Postada em 22/10/2025 15:31 | Atualizada em 22/10/2025 17:28 | Por Todo Segundo

Reunião com Construtora aumenta tensão entre moradores de condomínio em Palmeira

Empresário não apresenta soluções e famílias cobram providências diante do risco de perder imóveis
Reunião com Construtora Camêlo aumenta tensão entre moradores do Graciliano Ramos - Foto: Todo Segundo

O que deveria ser o sonho da casa própria virou motivo de angústia e incerteza para dezenas de famílias no condomínio Graciliano Ramos, localizado no Sítio Bentivi, às margens da BR-316, em Palmeira dos Índios, Agreste de Alagoas. Sem qualquer resposta concreta da Construtora Camêlo, responsável pelo empreendimento, os moradores agora enfrentam o risco de perder seus terrenos e construções por causa de um processo de demarcação da Terra Indígena Xukuru-Kariri, conduzido pela Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai).

O alarme soou após uma visita técnica da Funai, realizada no último dia 10 de outubro. Durante a inspeção, servidores do órgão iniciaram estudos de identificação e delimitação da área indígena e chegaram a notificar oficialmente alguns moradores. A informação caiu como uma bomba entre os proprietários — muitos já morando no condomínio, outros ainda pagando parcelas dos terrenos adquiridos diretamente com a construtora.

Diante da repercussão, o dono do empreendimento, Pedro Camêlo, conhecido como “seu Pedro”, reuniu-se com os moradores nesta quarta-feira (22). No entanto, em vez de apresentar soluções concretas, o empresário alegou desconhecimento sobre a possível sobreposição da área com terras indígenas.

Segundo ele, o projeto do condomínio foi estruturado em 2016, com base em alvarás e licenças emitidas pela Prefeitura de Palmeira dos Índios. “Eu fiz tudo certo. Registrei em cartório, segui as normas da Prefeitura. O que mais eu poderia fazer?”, afirmou o empresário durante a reunião.

A declaração, no entanto, não convenceu os moradores, especialmente porque o processo de demarcação da Terra Indígena Xukuru-Kariri teve início em 2010, durante a gestão do então prefeito James Ribeiro. Mesmo assim, a documentação do condomínio foi liberada anos depois sem qualquer restrição, levantando sérias dúvidas sobre a atuação do poder público e a responsabilidade da construtora.

Um dos moradores mais ativos na reunião, o militar Wellyngton Melo, que está construindo sua casa no local, expressou a indignação coletiva dos compradores: “O que é que a construtora tem contra a gente? Eu sei que o senhor não tem culpa, mas a responsabilidade é da empresa. O senhor também é vítima disso, mas nós não podemos ser penalizados. Qual é a posição da Construtora diante desse impacto? O que o senhor vai fazer para provar que não foi justificado? Porque nós estamos pagando. A gente está pagando direitinho. Agora, qual é a contrapartida da empresa com relação a esse problema? A gente quer objetividade.”

O desabafo ecoou entre os moradores, que cobram ações imediatas e transparência por parte da empresa.

Com a insegurança crescente, sem respostas e temendo perder o que conquistaram com tanto esforço, os moradores decidiram suspender o pagamento das parcelas referentes aos meses de outubro, novembro e dezembro — uma forma de protesto e pressão pela resolução do impasse.

Durante a reunião, também ficou decidido que será formada uma comissão de moradores com o objetivo de criar uma associação sem fins lucrativos. O grupo deve acionar o Ministério Público, além de buscar reparação judicial pelos danos materiais, emocionais e legais que vêm enfrentando.

Um condomínio em risco

O Condomínio Graciliano Ramos, construído na antiga área do parque de vaquejada Cluvapi, já conta com dezenas de residências habitadas, outras em fase de construção e centenas de famílias que investiram suas economias no local.

Agora, todas vivem sob a sombra da incerteza, aguardando uma posição oficial da Construtora Camêlo e das autoridades competentes. Enquanto isso, o que começou como um projeto de moradia e esperança pode se transformar em um dos maiores imbróglios fundiários da história recente de Palmeira dos Índios. 

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