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Postada em 01/10/2014 23:22 | Por Todo Segundo

Casos clínicos sobrecarregam Urgências dos hospitais de Alagoas

Até agosto mais de 62 mil pacientes com este perfil foram atendidos no HGE
Casos clínicos sobrecarregam Urgências dos hospitais de Alagoas - Foto: Olival Santos

Por Mary Wanderley e Mônica Lima

A demora na marcação de consultas, a dificuldade de acesso aos postos de saúde, o valor baixo pago pelos planos aos médicos - levando-os ao atendimento somente particular - têm resultado na sobrecarga das Urgências e Emergências de hospitais públicos, privados e filantrópicos de Maceió.

No Hospital Unimed a situação não é diferente. O hospital atende por mês em média a 14.347 clientes, sendo a especialidade  de Clínica Médica responsável por 6.256 consultas (44% do total).

No Hospital Geral do Estado (HGE), de janeiro a agosto deste ano, foram atendidas 62.602 pessoas apresentando casos clínicos. A maioria com problemas que poderiam ser solucionados nos postos de saúde.

O diretor-médico da Santa Casa de Misericórdia, pneumologista e cirurgião de tórax, Artur Gomes Neto, afirma que dos nove mil casos atendidos por mês na instituição hospitalar do Centro e do Farol (Pediátrica), 65% são casos clínicos que poderiam ser atendidos nos consultórios, unidades de saúde ou Ambulatórios 24 Horas.

“Os médicos estão deixando as consultas pelos planos de saúde que pagam R$ 50 por paciente, porque o valor não cobre as despesas que eles têm com o consultório, que giram em torno de R$ 3 mil por mês”, destaca o diretor-médico.

De acordo com Artur Gomes, a situação somente pode mudar no âmbito do atendimento privado, quando os planos pagarem melhor ao profissional médico e se mostrarem mais atrativos para a categoria, já que o movimento de deixá-los é nacional.

“Os médicos estão abandonando todos os planos de saúde e atendendo somente paciente particular”, adverte Gomes, mostrando que o efeito dominó de perda para o usuário é também extensivo ao que depende do Sistema Único de Saúde (SUS).

Gomes diz que no SUS o problema está mais na falta de assistência básica, que deveria ser prestada pelos postos de saúde dos municípios.

Como o usuário tem dificuldade de acesso, explica ele, a doença se agrava e, evoluindo o quadro, torna-se um paciente não mais de atendimento ambulatorial, mas de urgência. “Os pacientes com diabetes e hipertensão, por exemplo, que não tiverem um acompanhamento ambulatorial adequado, evoluem para insuficiência renal, infarto do miocárdio, lesão cerebral e até amputações”, afirmou.

Artur Gomes esclarece que somente o HGE está preparado em termos de equipamentos e tem equipe médica especializada de plantão para os atendimentos de todos os tipos de traumas, a exemplo dos provocados por acidentes de veículo, motos e agressões graves. “Nesses casos, o mais indicado, mesmo para os pacientes que têm plano de saúde, é buscar o primeiro atendimento no HGE e, depois de estabilizados, serem transferidos para a unidade especializada ou hospital que têm o plano de saúde”.

Facilidade de atendimento
De acordo com Raquel dos Anjos Guimarães, médica infectologista e gerente de Risco do Hospital Unimed, a facilidade de atendimento sem a necessidade de marcar consulta - e ainda o beneficio de ser medicado e ter exames realizados no ato, leva o cliente de convênios, operadoras de saúde  e beneficiários do sistema público a ocupar as salas de emergências, espaços, segundo ela, destinados aos pacientes mais graves.

Para reverter o quadro, a especialista aposta na criação de novos módulos de pronto atendimento; ampliação do quadro das especialidades médicas em ambulatórios; programas de atendimento a distancia, com equipes médicas orientando a resolução de queixas mais triviais e quebras de paradigmas com mudanças no fluxo de atendimento da triagem sendo realizado por médicos, entre outros.

Apesar de ser uma referência nos casos de urgência e emergência, o HGE continua sendo a porta de entrada para pacientes que não se enquadram nesse tipo de atendimento. Uma prova é que os casos clínicos continuam na liderança dos atendimentos realizados diariamente no hospital, segundo informações da direção.

A maioria da demanda poderia ser solucionada nos postos de saúde. Um exemplo é Andréia de Lima, que estava com dores abdominais há dois dias. Depois de ser atendida em uma unidade de saúde próxima a sua casa, no bairro Tabuleiro do Martins, em Maceió, e de não ter seu problema resolvido, ela procurou o HGE.

O mesmo ocorreu com Jaqueline Michele Barros, de 36 anos. A dona de casa estava com falta de ar e, antes de procurar um posto próximo à sua residência, decidiu se dirigir ao HGE, porque receberia atendimento mais rápido.

Há casos de pessoas que dão entrada na urgência, em função de não ter acompanhamento, passando a ser portadores de pés diabéticos, infartos e acidentes vasculares.

Estatísticas
A diretora do HGE, Verônica Omena, ressalta que os casos clínicos lideram o número dos atendimentos na unidade, com uma média de mais de 400 por dia. Ela destaca que esse número é consequência de doenças como diabetes, hipertensão, infecções e dores em geral.

Verônica alerta que as pessoas devem  manter hábitos saudáveis e procurar os postos de saúde com regularidade para assegurar a qualidade de vida.

“Os portadores de hipertensão, diabetes e outras doenças devem procurar atendimento médico frequentemente, porque essas doenças quando diagnosticadas e tratadas precocemente podem evitar complicações futuras”, salientou a diretora.

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