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Política
Postada em 26/10/2022 16:26 | Atualizada em 26/10/2022 16:29 | Por O Globo

Orçamento secreto inclui R$ 50 milhões para Renan Calheiros

Indicação por verba para o fundo de saúde do estado de Alagoas, governado então por seu filho, consta no sistema do Congresso e foi enviada ao governo
Orçamento secreto inclui R$ 50 milhões para Renan Calheiros, que nega ter feito pedido - Foto: Senado Federal

O “orçamento secreto” deste ano tem uma indicação, no Sistema de Indicação Orçamentária (Sindorc), de R$ 50 milhões em nome do senador Renan Calheiros (MDB-AL). Mas o político, de oposição ao governo federal e um dos maiores opositores desse mecanismo, nega ter feito o pedido, reitera que é contra o uso das "emendas de relator" e diz que irá apurar se a requisição veio de seu gabinete.

A indicação em questão é a 2340/2022, feita em 31 de março de 2022, para comprar equipamentos e materiais hospitalares com o Fundo Estadual de Saúde de Alagoas, estado do senador. O pedido não foi atendido até o momento, mas foi autorizado e enviado ao governo federal. Na época, o estado era governado por seu filho, Renan Filho, hoje senador eleito pelo MDB. Ele deixou o governo em abril.

A partir deste ano, após determinação do Supremo Tribunal Federal (STF) para dar transparência às emendas de relator, as indicações são feitas em um sistema informatizado, com o nome do "padrinho" do pedido de verbas. Nesse pedido, o usuário responsável é identificado como o senador Renan Calheiros. Os requerimentos são aprovados pelo relator antes de serem enviados ao governo.

— Não sei quem fez. Nunca autorizei e não autorizaria. Fui sempre uma voz contra o Orçamento Secreto. Votei contra, denunciei, assinei a CPI e somos aqui em Alagoas as maiores vítimas dele — disse Renan Calheiros ao GLOBO.

Procurado, o relator do Orçamento, Hugo Leal (PSD-RJ), que autorizou o pedido, disse “não saber do que se trata” e que quem tem informação sobre a divisão das emendas de relator entre senadores é o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).

— Não tenho controle sobre as questões dos senadores — disse o relator.

Em nota, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, disse que "com a implantação do sistema informatizado de propostas orçamentárias da CMO, o cadastramento é feito pelo próprio parlamentar ou por usuário externo, sempre com apoio de algum parlamentar, seja individualmente ou por meio da respectiva liderança partidária. O cadastramento de proposta não significa empenho, tampouco pagamento".

O sistema usado por parlamentares para usarem "emendas de relator" funciona com base no cadastro do próprio senador e não é emprestado para líderes partidários, segundo técnicos ouvidos pelo GLOBO. O mais comum é que a senha seja usada por funcionários do próprio gabinete dos senadores.

Adversário político de Renan Calheiros, Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara, é o maior beneficiário das emendas de relator. Ele teve direito a indicar R$ 492 milhões nesse tipo de emenda nos últimos três anos. Renan alega que o uso desse montante por Lira influenciou a eleição ao Legislativo em Alagoas e fez até com que políticos se desfiliassem de seu partido.

— Para você ter uma ideia, nosso grupo elegeu 4 deputados federais e os adversários, 5. Só que dos 5 que elegeram 3 eram, até o último dia da janela, filiados ao MDB, e certamente foram levados pelo Orçamento Secreto — afirma Calheiros.

Só neste ano, o governo liberou 90% dos pedidos de Lira, o equivalente a R$ 120 milhões. No geral, foram atendidas 42% dos R$ 12 bilhões das indicações de senadores e deputados enviadas ao governo neste ano. Procurado, Arthur Lira não respondeu.

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