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Postada em 08/12/2025 13:20 | Atualizada em 08/12/2025 13:23 | Por Todo Segundo

Morre Zezito Guedes, aos 89 anos, guardião da memória popular de Arapiraca

Autor de obras fundamentais, Zezito transformou a cultura local em referência para futuras gerações
Faleceu o historiador, folclorista, escultor, poeta e pesquisador Zezito Guedes, aos 89 anos - Foto: Reprodução

Faleceu na manhã desta segunda-feira (8) o historiador, folclorista, escultor, poeta e pesquisador Zezito Guedes, aos 89 anos. Guardião da memória popular arapiraquense e referência na cultura do Agreste, ele deixa um legado inestimável para Alagoas. A notícia abalou a cidade e, com ela, a certeza de que se vai um daqueles raros “detentores de saberes” que transformam a própria existência em história viva.

Filho de João Pereira Nunes e Antônia Gomes Pereira, Zezito nasceu em Princesa Isabel (PB), área que atualmente pertence ao município de Juru (PB). Mudou-se para Arapiraca aos sete anos, cidade que abraçaria definitivamente e onde se tornaria símbolo da cultura regional.

Em 2013, recebeu o título de Patrimônio Vivo da Cultura Alagoana, reconhecimento máximo do Estado para quem representa a essência das tradições e memórias populares.

Zezito exerceu múltiplos ofícios antes de se dedicar integralmente à pesquisa e às artes. Trabalhou como protético e começou a modelar gesso ainda na juventude. Aos 30 anos, já desenvolvia esculturas em madeira, ferro e pedra.

Como artista plástico, teve destaque nacional e internacional: em 1983, representou Alagoas em uma Mostra de Artes na Itália, levando consigo a expressão cultural do Agreste para além das fronteiras brasileiras. Também foi sócio-fundador da Academia Arapiraquense de Filosofia, Ciências e Letras (atualmente ACALA).

Suas obras foram expostas em salões de arte no Rio de Janeiro, Recife e em diversas capitais, recebendo reconhecimento em mostras como o 1º Salão Nacional de Artes Plásticas, em 1978.

O pesquisador que virou referência

Além do trabalho como artista visual, Zezito consolidou importante contribuição como historiador e pesquisador das tradições populares.

Entre seus livros publicados estão:

  • Arapiraca Através do Tempo
  • Cantigas das Destaladeiras de Fumo

Em suas obras, preservou cantos, expressões e histórias de trabalhadores rurais, registrando saberes orais e aspectos da formação social do Agreste. Tornou-se referência entre folcloristas e pesquisadores da cultura nordestina.

Museu e memória viva

Inaugurado em 2009, o Museu Zezito Guedes funciona na Praça Luiz Pereira de Lima, no Centro de Arapiraca. O espaço reúne acervo pessoal, esculturas, fotografias, manuscritos e documentos sobre a trajetória cultural do município. Tornou-se ponto de referência e visitação permanente para estudantes, moradores e pesquisadores.

Diante da sua partida, o museu assume ainda maior importância histórica e simbólica, tornando-se monumento vivo à cultura arapiraquense e guardião do legado deixado por seu patrono.

Responsabilidade e saudade

A morte de Zezito Guedes representa uma perda profunda para Arapiraca e para Alagoas. A saudade ficará marcada nos contos, nas pesquisas, na escultura, nos versos e na devoção à memória de seu povo.

Cabe agora à cidade manter viva essa herança cultural — não apenas como lembrança, mas como compromisso coletivo.

Que o Museu Zezito Guedes continue sendo espaço de encontro, de história e de identidade.

Que este adeus não signifique silêncio. Que sua voz permaneça ecoando através da arte e das memórias que ele entregou à cidade.

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