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André Avlis

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Radialista, Cronista e Comentarista Esportivo!
Postada em 10/09/2020 07:51

FUTEBOL: O que chamam de "tragédia" não foi bem uma tragédia; não mesmo

E-mails mostram que Flamengo sabia da situação de "grande risco" nove meses antes do incêndio que matou os 10 garotos, no Ninho do Urubu.
Os 10 garotos mortos em incêndio no Ninho do Urubu.

 Surpresa? Acredito que não. As provas trouxeram apenas um tipo de confirmação.

Mais um capítulo de uma novela que já teve seu fim - mesmo tendo continuação. E a cada passo desse roteiro, mais revelações. Um drama eterno para quem viverá um luto perpétuo.

Uma matéria do UOL Esportes, publicada nesta quarta-feira (09), mostra que troca de e-mails evidenciam que o Flamengo sabia dos riscos da precariedade das instalações elétricas do Ninho do Urubu desde 11 de maio de 2018 - nove meses antes do incêndio que matou dez meninos das categorias de base do clube.

O caso deverá tomar outro rumo - e deve tomar. A Defensoria Pública do Rio de Janeiro vê a troca de e-mails como "prova inconteste da responsabilidade do clube". Ou seja, algo incontestável. Pois a partir de tais documentos, há indicação de que dirigentes do clube sabiam do risco de vida que os garotos foram submetidos.

Desta maneira, havia necessidade de atendimento emergencial. Era caso de urgência e os relatórios mostraram isso; detalhadamente. Com fotos e imagens que mostravam especialmente as "gambiarras" feitas no quadro elétrico atrás do alojamento - no local do incêndio (ocorrido dia 8 de fevereiro de 2019).

Inclusive, o caso deve ser levado à justiça e os responsáveis indiciados por homicídio culposo (quando não há intenção de matar), alinhado ao 'dolo eventual' (quando o agente aceita o risco). No caso do Flamengo, o clube sabia da existência do risco, porém, não fez nada para intervir.

Resumindo: irresponsabilidade, negligência, leviandade, omissão, displicência e quaisquer sinônimos do tipo. Tal desinteresse custou caro - muito caro. Além da mancha enorme que fica na história grandiosa do clube. Pois não há casualidade em algo que poderia ter sido impedido.

Foram dez garotos mortos. Famílias dilaceradas, acabadas e atormentadas. São pais e mães que sofrem e continuarão sofrendo pela perda - ainda mais agora sabendo que a situação poderia ter sido evitada.

A imprudência ceifou sonhos. Acabou com vidas de quem ainda estava começando a trilhar seu caminho. É triste, mas é real. Tão evidente quanto a culpa de quem, com despeito, deixou isso acontecer.

Os meninos não voltarão - é bem verdade. Áthila, Christian, Jorge, Gedson, Arthur, Bernardo, Pablo, Rykelmo, Samuel e o Vítor. São nomes que não devem ser esquecidos. Este é um assunto que não seve ser silenciado. Sem blindagem, sem passar pano. É pauta obrigatória e deve ser corriqueira - até que haja penalidade.

E, se houver justiça, a punição tem que ser rigorosa. Rígida, dura e severa. Pois nada vai reparar o dano causado por tamanha irresponsabilidade. Nada que for feito trará os filhos para seus pais e suas famílias. Nada. Mas, que pelo menos, arquem com as consequências àqueles que causaram tanta dor e sofrimento.

Portanto, as dúvidas para alguns foram esclarecidas. Para mim, apenas confirmadas. É até o retrato do futebol brasileiro. A precariedade nas categorias de base não há caso isolado como este. Ela é presente na maioria dos clubes. No entanto, só são evidentes quando casos trágicos como o do Ninho do Urubu aparecem. Infelizmente.

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