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André Avlis

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Radialista, Cronista e Comentarista Esportivo!
Postada em 04/12/2018 07:53 | Atualizada em 05/12/2018 06:36

FUTEBOL: Política na festa de título do Palmeiras!? A história alviverde é maior que isso

Presidente eleito, Jair Bolsonaro, participou dos bastidores e festa do Palmeiras, a convite da diretoria.
Em 20 de Setembro de 1942, o Palmeiras entrou em campo levando a bandeira do Brasil.

A história do Palmeiras é maior do que que aconteceu no último domingo. E não tem nada a ver com as eleições desse ano aqui no país.

Para ser o Palmeiras. Já foi Palestra Itália. Fundado lá em 26 de Agosto de 1914, por imigrantes e descendentes italianos.

E o por que da mudança? Por conta de guerra. Da Segunda Guerra Mundial. O Brasil vivia a fase do Estado Novo (1937-1945), no governo de Getúlio Vargas, que tentou se manter neutro no conflito. Até onde deu. Quando não, se juntou ao grupo dos "Aliados" (EUA, França, China, União Soviética), que eram contra, claro, ao grupo do "Eixo" (Itália, Japão e Alemanha).

Como eram de origem italiana, os patronos, torcedores e simpatizantes do Palestra sofriam preconceito. Foram taxados de traidores. Eram as "presas preferidas" da elite brasileira. Pelo fato de serem imigrantes desprovidos de qualquer tipo de qualificação empreendedora. Vieram para o Brasil em massa, no início do século XX, para trabalhar como operários, nas lavouras de café para exportação. A união dos imigrantes trouxe como consequência a destaque nacional não somente no esporte, mas também na cultura, indústria e em todos os setores de atividades.

No futebol, ajudaram a popularizar um esporte que na época era para a burguesia, como era chamada a galera da elite antigamente. Isso tudo semeou o ódio de boa parte das pessoas com os imigrantes italianos.

Morreu Palestra em 14 de setembro de 1942. Nasceu Palmeiras em 20 de Setembro do mesmo ano. Após ser campeão paulista. Num jogo onde estava tudo preparado para vaias, xingamentos e hostilidade. Estava. Porque o vice presidente do clube na época, Capitão Adalberto Mendes, teve a ideia de ter a bandeira do Brasil sendo puxada pelos jogadores na entrada do Pacaembu lotado. Revertendo a situação à favor do Palmeiras.

Nossa história é de luta, suor, resiliência, fé, força e muito trabalho. Principalmente de quem fundou o clube. Eles que foram perseguidos, alguns torturados, espancados. Por serem imigrantes e descendentes de italianos. Que estavam aqui antes dessa guerra. Para trabalhar e viver de forma digna.

No domingo, em um ato desastroso, a direção convidou o presidente eleito para a nossa festa. O mesmo que já foi vascaíno, flamenguista, tricolor. O mesmo que até gritou "Vai Corinthians". O mesmo que já proferiu ódio e raiva contra imigrantes. Chamados de "escória do mundo" pelo próprio. Ele que é à favor da tortura. E outras coisas abomináveis.

Era nossa festa. Ele não nos representa. Não tem o direito de erguer nossa taça. Nosso povo ficou dividido na nossa casa. Dividido num momento que era para ter a mais pura união. A mesma união do povo italiano, que nos fez nascer e morrer Palestra. E agora nos eternizar sendo Palmeiras. Nosso. Não de político A ou B, que não nos ajudou em nada. Nem no título, nem na história. Em meu ver, ato falho da direção. Pensaram em sim. Esqueceram os 18 milhões. Esqueceram nossa história. Por vaidade e birra. Infelizmente.

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